Polarização: o mal dos séculos XX, mas piorando em XXI

No século XXI, amizades foram desfeitas, famílias foram divididas, e as eleições se transformaram em palcos do terror pelas mútuas e múltiplas acusações dos adversários que se tornaram inimgos.

Polarização: o mal dos séculos XX, mas piorando em XXI

Metade do século XX marcou no Brasil o nascimento da polarização, fruto dos governos militares e da explícita vontade de uma democracia pulsante em parte da população e da classe política. De 1964 a 1985, o regime foi sendo gradualmente alquebrado, até a transição conduzida por José Ribamar Sarney.

De Collor em diante, o país atravessou muitas eleições, mas sempre com forte polarização. No cenário nacional, tivemos FHC contra Lula, Lula contra o PSDB, Dilma contra o insistente PSDB, até chegarmos a Bolsonaro contra um PT já sem estrela. Quando o PT recuperou sua estrela, Lula derrotou Bolsonaro.

Em Alagoas, o embate se deu entre Divaldo Suruagy e Guilherme Palmeira contra o MDB – domínio que se estendeu por mais de trinta anos. Depois surgiu Ronaldo Lessa, cujo ciclo foi breve, dando espaço para o retorno da saga Arena, PDS, PFL, com Teotônio Vilela contra o mesmo MDB dos Calheiros, que aguardaram a hora certa para comandar o estado até o presente e que podem ainda perdurar.

Em Penedo, a polarização se consolidou entre Alcides Andrade e Raimundo Marinho – um ciclo cronologicamente perfeito – posteriormente substituídos pela dupla AT e MB. As mortes de Raimundo e Alcides abriram uma vacância de liderança, permitindo a chegada de Toledo e Beltrão, cujas marcas também foram abreviadas pelo falecimento de Alexandre Toledo. Esse vazio abriu espaço para Ronaldo Lopes – cria de Hélio Lopes, herdeiro da Arena, PDS e PFL, que desembarcou no MDB e hoje tem a possibilidade de inaugurar uma nova era na política penedense. Mas sempre em meio a eleições polarizadas.

O ano de 2026 pode representar a portabilidade da consolidação dos Lopes, em detrimento do desgaste incomensurável da oposição, quem sabe originando daí uma nova polarização em Penedo – tal qual ocorreu no Brasil depois de Lula e em Alagoas após a ascensão dos Calheiros.

A política é cíclica. Se não fosse, a polarização não teria resistido por tanto tempo.

Creditos: Professor Raul Rodrigues