Brasil: a conta desigual das faltas do trabalhador e do deputado
24/09/2025, 07:36:55Brasil: para trabalhador normal, 30 dias de faltas – demissão – para deputado depende...
No Brasil, a régua da disciplina no trabalho é implacável para uns e elástica para outros. Um trabalhador comum, com carteira assinada, sabe bem: 30 dias consecutivos de ausência, sem justificativa, equivalem a demissão por abandono de emprego. A lei trabalhista é clara, e o patrão não hesita em aplicá-la.
Mas quando se trata de deputados, a conversa muda. O “regimento interno” das Casas Legislativas, em tese, prevê punições para parlamentares faltosos — desconto no salário e até perda de mandato em casos extremos. No entanto, a realidade mostra outra coisa: basta uma “justificativa” genérica, um atestado duvidoso, uma missão política inventada, para que a ausência se torne legítima. Assim, deputados podem acumular faltas, deixar de votar em projetos decisivos e, ainda assim, manter suas cadeiras e salários intactos.
A contradição é brutal: o trabalhador precisa estar presente, pontual, rendendo, sob pena de perder sua sobrevivência. Já o deputado, sustentado pelos impostos pagos por esse mesmo trabalhador, pode se ausentar em nome de agendas pessoais, articulações partidárias ou conveniências políticas, sem que isso lhe custe o mandato.
No fim, a mensagem é clara: a lei é dura para os de baixo e complacente com os de cima. O trabalhador comum perde o emprego; o deputado, no máximo, perde uma diária.
E assim segue o país da desigualdade institucionalizada, onde o “compromisso com o dever” é cobrado do cidadão, mas raramente exigido de quem deveria dar o exemplo.