Lula está pronto para negociar tarifas com os EUA

Lula está pronto para negociar tarifas com os EUA

Lula: pronto para um diálogo com os EUA

Em entrevista ao programa "News Hour" em Nova York, durante a semana da Assembleia Geral da ONU, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o Brasil está preparado para negociar com os Estados Unidos a respeito das tarifas de 50% impostas a produtos brasileiros. No entanto, ele enfatizou que a iniciativa para o diálogo precisa partir do governo estadunidense.
“No momento em que o governo americano estiver disposto a dialogar com o governo brasileiro, posso garantir que estamos prontos para conversar”, disse Lula.

Criticas à relação com Trump

Lula revelou que nunca teve uma conversa pessoal com o ex-presidente Donald Trump e criticou a aproximação deste com Jair Bolsonaro, seu antecessor. Ele afirmou que “ele fez uma escolha de relacionamento, construindo um relacionamento com Bolsonaro, mas não construindo uma amizade com o povo brasileiro”.
O presidente também apontou que, independentemente de posições políticas, “um chefe de Estado precisa ter um relacionamento com outro chefe de Estado”. Esta taxação, segundo Lula, foi uma retaliação de Trump em resposta à condenação de Bolsonaro a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado.

Justificativas para a tarifa

Segundo Lula, o motivo alegado por Trump para a tarifa não faz sentido. “A explicação para uma tarifa de 50% devido ao julgamento de um ex-presidente não é uma explicação para a opinião pública mundial”, declarou.
Quando questionado sobre possíveis sanções pessoais, Lula defendeu o processo legal contra Bolsonaro e ressaltou a autonomia do Judiciário brasileiro: “Não há tribunal no mundo que não tenha elogiado o sistema judiciário brasileiro, pois há legítima defesa para todos os acusados”, afirmou.

Democracia e eleições no Brasil

Lula rejeitou críticas de que a condenação de Bolsonaro poderia prejudicar a democracia no Brasil. “O Brasil tem urnas eletrônicas que são o sistema mais perfeito do mundo. Ele não permite que você roube a eleição. Foi por isso que fui eleito presidente da República”, disse.
Sobre a possibilidade de se candidatar em 2026, Lula mencionou que ainda não decidiu, mas destacou que, se mantiver a saúde aos 80 anos, pretende disputar: “Não permitirei e nem o povo brasileiro permitirá que a extrema direita fascista volte a governar o Brasil novamente”, declarou.

Relações internacionais e soberania

Durante a entrevista, Lula também comentou que os Estados Unidos perderam protagonismo como defensores da democracia. Ele defendeu que as relações internacionais devem ser baseadas em igualdade e respeito à soberania nacional: “O que não aceitamos é que ninguém, nenhum país do mundo interfira em nossa democracia e em nossa soberania”, disse.
O presidente reiterou que o Brasil não tomará decisões movidas pela raiva, mas espera reciprocidade do governo estadunidense. “Tudo pode ser resolvido em uma mesa de negociações. Uma mesa de negociações não custa nada. Não destrói uma ponte. Não mata uma única pessoa”, concluiu.