CPMI determina prisão de economista ligado a fraudes
23/09/2025, 09:31:39CPMI decreta prisão em flagrante de sócio do "Careca do INSS"
Economista Rubens Oliveira Costa foi detido em flagrante durante reunião da comissão que investiga fraudes contra aposentados e pensionistas.
Após mais de sete horas de reunião nesta segunda-feira (22), o presidente da CPMI do INSS, senador Carlos Viana (Podemos), decretou a prisão em flagrante do economista Rubens Oliveira Costa, por falso testemunho e envolvimento em fraudes contra aposentados e pensionistas. A Polícia Legislativa executou a prisão durante a sessão.
Mais cedo, o relator da comissão, deputado Alfredo Gaspar (União), já havia solicitado a prisão de Costa, apontando suas atividades em diversas empresas ligadas às irregularidades, todas controladas por Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como "Careca do INSS".
Gaspar declarou: "Esta CPMI não vai ser o local para a impunidade, se ele é laranja pouco me importa. Derrubando uma laranja podre, a gente termina alcançando o bicho que está apodrecendo as laranjas. Este cidadão participou de crimes gravíssimos contra aposentados e pensionistas, continua na impunidade, continua praticando crimes e se encontrando com outros investigados (...) para evitar a fuga e a prática de novos crimes e pelo flagrante do crime de ocultação documental diante de uma investigação em curso, peço a decretação da prisão preventiva."
Durante o depoimento, cerca de 30 parlamentares tentaram ouvir Costa, que se utilizou de habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e não respondeu à maioria das perguntas.
O senador Izalci Lucas (PL) questionou como Costa poderia ter trabalhado em empresas que movimentaram milhões de reais em 2023 e 2024 sem desconfiar de irregularidades. O senador Rogério Marinho (PL) reforçou que "parece absolutamente inverossímil" que Costa não tivesse conhecimento das fraudes promovidas por Camilo Antunes.
Em resposta ao deputado Zé Trovão (PL), Costa admitiu ter entregue R$ 949 mil em espécie a Camilo Antunes e afirmou não ter conhecimento de parlamentares que tenham recebido recursos do esquema.
Apoios à prisão foram expressos pela vice-presidente da CPMI, deputado Duarte Jr. (PSB), que também pediu a prisão de Costa, afirmando sua "participação inequívoca" nas fraudes. "Requeiro a configuração do crime de falso testemunho para que o Rubens, que ajudou a roubar aposentados por todo o Brasil, saia daqui preso. E a gente possa mostrar que aqui neste país tem lei e a lei precisa ser cumprida. Nós não podemos aceitar que brinque com a cara dos aposentados, que roube os pensionistas, que prejudique milhares de pessoas inocentes e ainda venha aqui mentir com a maior cara lavada", disse Duarte Jr.
O senador Sergio Moro (União) afirmou que o depoimento mostrou que Costa trabalhou para empresas de fachada envolvidas em lavagem de dinheiro e apoiou a prisão. "Há uma lavagem de dinheiro, uma simulação de prestação de serviço para praticar um estelionato contra os aposentados e pensionistas deste país com fraudes documentais praticadas em série. Então, há um risco igualmente não só à ordem pública, mas à investigação e instrução do processo", declarou Moro.
Alguns deputados solicitaram a convocação de ex-assessores ligados a senadores supostamente envolvidos nas fraudes. O deputado Kim Kataguiri (União) pediu a convocação de Gustavo Marques Gaspar, ex-assessor do senador Weverton (PDT), e o deputado Zé Trovão solicitou a convocação de Paulo Augusto de Araújo Boudens, ex-assessor do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União).
Costa informou à senadora Soraya Thronicke (Podemos) que foi alvo de mandado de busca e apreensão da Polícia Federal e que teve bloqueada uma poupança de cerca de R$ 300 mil. À senadora Leila Barros (PDT), ele não respondeu se possuía ligações com ex-ministros, ex-dirigentes do INSS ou parlamentares e ex-parlamentares.