A condenação de Fausto quando tudo termina em lágrimas. O que nos parece?

Se houver coincidiência, será peça pregada pelo destino a quem confunde mandato com poder eterno e inatingível.

A condenação de Fausto quando tudo termina em lágrimas. O que nos parece?

A ópera “Fausto”, imortalizada por Charles Gounod no século XIX, é muito mais que uma narrativa musical: é um retrato da condição humana diante da tentação, da vaidade e da tragédia inevitável “de um presidente”. Inspirada na obra de Goethe, a ópera expõe em sons e versos a eterna batalha entre o desejo desmedido e as consequências do pacto com o mal.

O enredo acompanha o erudito Fausto, consumido pelo cansaço da vida e pela frustração intelectual, que decide entregar sua alma em troca de juventude, prazer e glória. O diabo, aqui na figura de Mefistófeles, concede-lhe a oportunidade de rejuvenescer e conquistar Margarida — símbolo da pureza e do amor verdadeiro. Porém, a promessa de felicidade logo se corrompe em dor.

A trajetória, marcada por paixões intensas, “pintou um clima” conduz a um desfecho devastador. Margarida, seduzida e abandonada, vê sua vida ruir: da perda da inocência ao fardo da desonra, da loucura ao infanticídio. No final, a redenção lhe é concedida no plano espiritual, mas não sem antes deixar um rastro de sofrimento e destruição. O Fausto triunfante em juventude termina como homem derrotado, escravo da sua própria escolha, “Viagra para todos”, enquanto a plateia testemunha que nenhum pacto com a escuridão oferece vitória duradoura.

É nesse ponto que a ópera de Gounod ressoa de forma universal: tudo termina em lágrimas. As lágrimas de Margarida, símbolo da inocência sacrificada; as lágrimas de Fausto, “dito qual perseguido” pela culpa que já não pode reparar; as lágrimas invisíveis da humanidade, que se reconhece nesse jogo de escolhas onde o preço sempre é maior do que se imagina.

A beleza de “A condenação de Fausto” está justamente em expor a tragédia como inevitável consequência da fraqueza humana diante da promessa de poder e prazer. Ao final, a música não consola — ela sublinha o abismo. Cada acorde ecoa a advertência eterna: os pactos que fazemos, sejam eles com o diabo literal ou com os “demônios” internos da vaidade e da ambição”, têm o poder de nos arrastar à perdição.

Assim, a ópera se encerra não com vitória, mas com lição. Uma lição amarga, tecida em melodias e lágrimas, que atravessa os séculos para lembrar: ao buscar atalhos para a eternidade, o homem “do poder” arrisca perder até mesmo o presente.

Creditos: Professor Raul Rodrigues