Ex-delegado sabia que estava jurado de morte

Ex-delegado sabia que estava jurado de morte

Investigação sobre o assassinato do ex-delegado

Câmeras de segurança e documentos oficiais indicam que Rui Ferraz Fontes, o ex-delegado geral da Polícia Civil de São Paulo executado no último domingo (21) em Praia Grande, estava na mira do PCC. Fontes estava aposentado desde 2023 e ocupava o cargo de secretário de administração da cidade. As informações são do Fantástico.

Um secretário da prefeitura mencionou que Rui conseguiu passar por cancelas com reconhecimento facial às 09h51 e acessou seu local de trabalho sem complicações. Mais tarde, na parte da tarde, um SUV preto posicionou-se em uma esquina, enquanto um outro carro, utilizado na fuga, aguardava os movimentos.

Às 18h13, após deixar o prédio, Rui foi seguido por um Logan branco. Disparos começaram quando ele reduziu a velocidade para fazer uma curva, levando a uma perseguição que culminou em uma colisão com um ônibus. Três homens se aproximaram rapidamente do veículo, dispararam e fugiram em menos de 40 segundos; o SUV preto foi incendiado posteriormente. O último registro do Logan branco foi às 18h21, em um acesso a uma rodovia.

Prisões e investigação em andamento

Mais de 3.000 câmeras da cidade e o sistema de monitoramento da prefeitura mostraram que o ex-delegado vinha sendo acompanhado desde o dia 18 de setembro, segundo o Fantástico. A primeira prisão ocorreu na quinta-feira, quando Daisle Oliveira Pires foi identificado como responsável por buscar um dos fuzis usados no crime em uma casa de veraneio em Praia Grande. Outros três suspeitos também foram presos: Luiz Henrique Santos Batista, suspeito de ajudar na fuga de um dos criminosos; Rafael Dias Simões, que se entregou e teria participado da execução; e William Marques, dono da casa usada como base. Três pessoas continuam foragidas: Flávio Henrique de Souza, Felipe Avelino da Silva e Luís Antônio Rodrigues Miranda. Impressões digitais encontradas no veículo abandonado auxiliaram as investigações.

Motivações por trás do crime

A polícia investiga duas possíveis motivações: uma relacionada ao cargo de secretário municipal de Rui e a outra, a vingança do PCC contra antigos desafetos. Rui entrou na Polícia Civil de São Paulo nos anos 1980 e destacou-se em sua atuação contra a facção. Em 1999, foi responsável pela prisão de Marcos William Camacho, o Marcola, que se tornaria o líder do PCC. Entre 2006 e 2019, Rui trabalhou no combate a ataques e organizou a transferência de líderes da facção para presídios federais, recebendo ameaças constantes ao longo do tempo.

Recentes relatórios apontam que o PCC havia emitido ordens de morte contra diversas autoridades, incluindo Rui, com instruções codificadas a serem transmitidas por advogados e familiares de presos. Ele chegou a comentar sobre os riscos em entrevistas, destacando que, aposentado, não contava com proteção ou direito a escolta. 'Policiais deram uma investigação e descobriram que havia no meio do PCC ordem para matar algumas autoridades e o meu nome estaria entre elas', declarou o ex-delegado.

Diligências e defesa dos acusados

A defesa de William Marques expressou surpresa com sua prisão e declarou estar à disposição para colaborar. Já o advogado de Rafael Dias Simões negou a participação de seu cliente, alegando que ele estava, no momento do crime, pegando a filha no trabalho ou escola. As investigações continuam, com a polícia buscando os foragidos e tentando esclarecer completamente a motivação por trás do assassinato.