Prefeito veta jornalista por declarações sobre família

Decisão do Prefeito Anderson Farias

O prefeito de São José dos Campos (SP), Anderson Farias (PSD), tomou uma decisão polêmica ao vetar a participação da jornalista e escritora Milly Lacombe na Flim (Festa Litero Musical). A justificativa dele foi a postura da jornalista em relação à família, considerada incompatível com o espaço público. Ao lado do vereador Zé Luís (PSD), Anderson gravou um vídeo onde explica os motivos para o veto. O político afirmou que não se pode permitir a presença em eventos públicos de pessoas que tenham "esse pensamento com relação à família".

Justificativas e posicionamentos

O veto se alinha com a política da cidade, segundo Anderson. Ele citou um trecho de uma entrevista dada por Milly em um podcast, onde ela criticou a noção de família tradicional: "Essa família tradicional, branca, conservadora, brasileira é um horror. É a base do fascismo, falemos a verdade, né?". Em comunicado nas redes sociais, Farias reforçou que "cultura deve unir, não dividir" e que a decisão visa evitar que espaços culturais sejam transformados em palanques políticos ou ideológicos. O prefeito mencionou decisões anteriores, como a interrupção do pagamento da cantora Maria Gadu por conta de posicionamentos políticos, mas não detalhou os termos desse caso.

Reação de Milly Lacombe

A jornalista Milly Lacombe reagiu ao veto através de um vídeo, onde afirmou que suas declarações foram distorcidas e manipuladas, gerando riscos à sua segurança. Ela argumentou que sua intenção ao participar da feira era debater temas sobre relações sociais e diversidade. Lacombe ressaltou que o corte do vídeo fez com que seu posicionamento fosse mal interpretado e se tornasse alvo de ataques da extrema direita. Além disso, destacou sua experiência em questões de gênero e direitos LGBTQIAPN+. Para ela, o veto representa uma restrição à livre expressão: "Não poder participar de uma feira literária é uma derrota para todos que lutam por um mundo da livre expressão", declarou. Ela concluiu enfatizando a importância da discussão sobre família, gênero e direitos LGBT+: "A gente vai seguir em busca de um mundo mais justo, mais igualitário, só dentro de um mundo radicalmente igualitário a gente vai poder entender nossas reais diferenças", afirmou Lacombe.