Fux e o Alívio para os Golpistas no STF
11/09/2025, 15:31:02O Voto do Ministro Luiz Fux
Apesar do voto longo, pretensamente demolidor e definitivo, o ministro Luiz Fux deverá ser voto vencido no julgamento da trama golpista.
O ministro entrou em cena no plenário da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) disposto a fazer história, nem que para isso tivesse que evidenciar suas contradições e ignorar uma tentativa evidente, farta em provas, de golpe de Estado.
Sua intenção era fazer com que seu voto passasse a impressão de ser consistente, demolidor e definitivo, capaz de alterar o rumo de um julgamento que caminha para condenar os envolvidos na trama golpista.
Afinal, dois ministros - o relator da ação penal, Alexandre de Moraes, e Flávio Dino - já haviam votado, deixando o placar em 2 X 0 pela condenação de todos os 8 réus do Núcleo 1 da organização criminosa, que inclui o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete aliados.
Na véspera da sua apresentação, Fux já demonstrava uma certa ansiedade. Preparou o terreno para o seu "Dia D" avisando aos colegas da Primeira Turma que, na sua vez de votar, não aceitaria ser interrompido.
Apesar de não titubear em apartar o relator da ação penal durante a leitura de seu voto, ainda se irritou com apartes pertinentes do ministro Flávio Dino.
Fux adotou um tom professoral e fez uma leitura enfadonha de quase intermináveis 12 horas.
Tentou demonstrar erudição, recheando seu voto com um sem-número de citações de obras, autores, expressões latinas, leis, regulamentos e jurisprudências, permeadas com um juridiquês ultrapassado.
Ele ainda enviesou teses e misturou alhos com bugalhos, afirmando que o Supremo não tinha competência para julgar o caso.
E, entre outras impropriedades, chegou ao cúmulo de comparar a Ação Penal, baseada em provas consistentes colhidas pela Polícia Federal e nas análises rigorosas da Procuradoria Geral da República e do relator, a uma grande "girafa" e o ato golpista a manifestações de torcidas organizadas de times de futebol.
Conforme argumentaram as defesas dos réus, Fux expressou descontentamento com o tamanho do processo e a quantidade de documentos, mas mesmo assim não se furtou de dar o seu veredito.
A estratégia, aparentemente sem nexo e longa, fazia parte do preparo do terreno para a absolvição de Bolsonaro, que foi apontado pela PGR e pelo relator como o grande líder da organização criminosa que tentou golpear o Estado brasileiro.
Ao embolar o meio de campo no afã de justificar seu voto, Fux fechou os olhos para a realidade e relativizou provas.
Mesmo superando os argumentos das defesas dos réus, incluindo nomes notórios, ele apontou o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e um general como culpados, mas afastou as acusações mais sérias.
Malabarismos Jurídicos
Apesar de sua intenção de parecer apolítico, seu voto serviu para agradar extremistas da direita, dando um fôlego para os golpistas de plantão e sinalizando para o exterior que "nem tudo está perdido".
O malabarismo realizado por Fux causou estranheza e espanto entre seus colegas, pois expôs suas próprias contradições e passou a impressão de que advogados eram dispensáveis em seu método de trabalho.
Por fim, apesar do seu esforço, o sentimento entre juristas era de que Fux seria voto vencido no colegiado. O placar final, previsto para esta sexta-feira (12), deve ficar em 4 X 1 a favor da condenação do ex-presidente e dos demais aliados na tentativa de golpe ao Estado brasileiro.