Descubra as Lentes Cósmicas de Einstein no iG Foi Pro Espaço

Descubra as Lentes Cósmicas de Einstein no iG Foi Pro Espaço

A astrofísica Mirian Castejon explicou como o fenômeno previsto pelo cientísta revoluciona a observação do universo

O podcast iG Foi Pro Espaço recebeu a convidada Mirian Castejon, astrofísica e supervisora do Planetário Ibirapuera, para falar sobre lentes gravitacionais, um fenômeno da astronomia que atua como uma lente de aumento natural no espaço, distorcendo e ampliando a luz de objetos extremamente distantes. A especialista, doutora pelo Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP e divulgadora científica no canal AstroTubers, explicou que o efeito é uma "ilusão de ótica causada pela gravidade". Objetos com massa muito grande, como aglomerados de galáxias, deformam o tecido do espaço-tempo, alterando a trajetória da luz que passa por perto. Isso pode resultar na ampliação do brilho de uma galáxia distante, na distorção de seu formato ou até na criação de múltiplas imagens de um mesmo objeto.

Mirian destacou que o fenômeno foi previsto por Albert Einstein e comprovado durante o eclipse total do Sol de 1919, observado no Brasil, na cidade de Sobral, no Ceará, e na Ilha do Príncipe. Na ocasião, cientistas confirmaram que a posição das estrelas próximas ao Sol aparecia ligeiramente deslocada devido à gravidade solar, exatamente como previu a Teoria da Relatividade Geral. Sobre o evento, Einstein teria dito: "O problema que minha mente imaginou foi resolvido aqui no céu do Brasil", conforme citado pela Agência Brasil.

Como funciona na prática
A astrofísica utilizou imagens reais para ilustrar o fenômeno, como a de um aglomerado de galáxias apelidado de "Gato de Cheshire", onde arcos luminosos formam um "sorriso" no espaço, galáxias distantes cuja luz foi distorcida. Ela também mostrou a primeira imagem de campo profundo do telescópio James Webb, ressaltando que muitos dos objetos extremamente distantes e fracos captados só foram visíveis porque a luz deles foi amplificada pela lente gravitacional de um aglomerado de galáxias que estava à frente. Mirian explicou que existem dois tipos principais do fenômeno: as lentes gravitacionais fortes, que produzem efeitos visíveis como arcos e anéis, e as lentes fracas, que causam deformações sutis no formato de milhares de galáxias de fundo. É através do estudo estatístico dessas deformações sutis que os cientistas podem mapear a distribuição de massa no universo, incluindo a matéria escura, que não emite luz, mas exerce gravidade.

Uma ferramenta poderosa
Além de estudar galáxias primordiais e a matéria escura, o efeito de lente gravitacional também é usado na busca por exoplanetas, em um método chamado microlente gravitacional. A técnica é uma das ferramentas mais poderosas da astronomia moderna para investigar os segredos do cosmos que permanecem invisíveis aos telescópios convencionais. A entrevista foi transmitida nesta quarta-feira (10), às 18h, no canal do YouTube do Portal iG.