Tarcisio pede anistia e ataca Alexandre de Moraes
08/09/2025, 13:31:29Discurso de Tarcísio na Avenida Paulista reacende debate sobre anistia e Justiça
Em um ato realizado na Avenida Paulista, em São Paulo, o governador Tarcísio de Freitas voltou a defender abertamente uma anistia e intensificou críticas ao Supremo Tribunal Federal. Diante de uma multidão estimada em 42 mil pessoas, o tom contundente do discurso reacendeu discussões sobre a responsabilidade dos Poderes, a presunção de inocência e o impacto político das próximas eleições.
Principais pontos do pronunciamento
Ao longo do discurso, Tarcísio cobrou do presidente da Câmara, Hugo Motta, a inclusão na pauta parlamentar de um projeto que prevê perdão aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023. O governador defendeu, entre outras medidas, uma anistia "ampla e irrestrita" e disse que o ex-presidente Jair Bolsonaro deveria ser autorizado a concorrer em 2026.
Além de pressionar a classe política, Tarcísio direcionou críticas duras ao STF, afirmando que o tribunal estaria julgando "um crime que não existiu". Ao se referir ao ministro Alexandre de Moraes, o governador utilizou termos fortes e repetidos pela multidão, que gritou "fora, Moraes" durante o evento.
Frases que marcaram o ato
- Sobre a anistia: defesa de uma proposta ampla que, segundo Tarcísio, visa pacificar o país e permitir que adversários políticos disputem eleições sem impedimentos;
- Críticas ao STF: declaração de que o julgamento não seria justo e que prevalecem "narrativas" em vez de provas;
- Reações à liderança judicial: chamado contra o que definiu como "a tirania de um ministro como Moraes" e a afirmação "Não vamos aceitar a ditadura de um Poder sobre o outro. Chega".
Contexto político e institucional
O ato ocorreu na véspera do término previsto do julgamento sobre a trama golpista no STF, processo que tende a resultar na condenação do ex-presidente. A movimentação política nas ruas foi acompanhada de ações no Legislativo, com o centrão articulando uma proposta que, na avaliação de seus líderes, teria suporte de cerca de 300 deputados.
Há divergências dentro do Congresso sobre o alcance dessa possível anistia: enquanto alguns defendem o perdão apenas no âmbito das ações penais atualmente em julgamento, outros avaliam incluir mecanismos que afetem inelegibilidades, o que pode alterar o cenário eleitoral para 2026. A proposta do centrão, por exemplo, busca perdoar Bolsonaro no âmbito penal sem necessariamente reverter sua inelegibilidade — o que abriria caminho para candidaturas alternativas, como a de Tarcísio.
Repercussão entre aliados e adversários
Nos bastidores, a defesa pública de anistia por parte do governador é vista como tentativa de consolidar apoio entre setores da direita e reduzir resistência de bolsonaristas mais radicais à sua própria pretensão presidencial. Ainda assim, Tarcísio enfrenta críticas internas: filhos de Bolsonaro já expressaram desconfiança e apontaram oportunismo nas movimentações do governador.
No âmbito federal, o presidente Lula reagiu às articulações, afirmando em eventos públicos que o governador "não é nada" sem o apoio de Bolsonaro, e questionou a autonomia política de Tarcísio em relação ao ex-presidente. A declaração suscitou comentários e intensificou o clima de disputa entre os polos políticos.
Aspectos jurídicos e memória histórica
No discurso, Tarcísio comparou a proposta atual de anistia com a anistia de 1979, durante a ditadura militar. Ao usar esse paralelo, afirmou que "os mesmos que gritam 'sem anistia' agora foram os que se beneficiaram dela antes". A comparação, no entanto, é sensível: a anistia de 1979 beneficiou, segundo especialistas e historiadores, tanto opositores quanto agentes do regime, o que torna o debate histórico complexo e sujeito a críticas.
Especialistas em direito penal e constitucional alertam que a aprovação de uma anistia tão ampla pode enfrentar questionamentos jurídicos e sociais. A definição de alcance, critérios e limites é um ponto central para evitar impasses institucionais e garantir segurança jurídica ao país.
Impacto eleitoral e movimentações futuras
Em entrevistas e declarações anteriores, Tarcísio já deixou claro que pretende defender interesses da direita nas próximas eleições. Ele chegou a afirmar que, se eleito presidente, um dos primeiros atos seria conceder um indulto a Bolsonaro. Em palavras recentes, disse ainda: "Não acredito em elementos para ele ser condenado, mas infelizmente hoje eu não posso falar que confio na Justiça, por tudo que a gente tem visto".
Ao mesmo tempo, a presença em eventos com empresários, líderes evangélicos e artistas mostra uma estratégia de ampliar apoio e construir uma base mais heterogênea para uma eventual candidatura presidencial. A reação das lideranças bolsonaristas e do próprio eleitorado será determinante para os próximos passos.
O que observar nas próximas semanas
- A tramitação do projeto de anistia na Câmara e no Senado, seus relatórios e eventuais alterações;
- A posição de líderes partidários, incluindo Hugo Motta, quanto à inclusão da proposta em pauta;
- Os desdobramentos do julgamento no STF e as reações institucionais a eventuais decisões;
- A articulação de alianças políticas que definam o cenário eleitoral para 2026.
Considerações finais
O discurso de Tarcísio na Paulista reacendeu temas centrais do debate público: anistia, independência dos Poderes e os limites das manifestações políticas em momentos de tensão institucional. Com aliados e adversários se posicionando de forma clara, as próximas semanas prometem ser decisivas para o rumo dessas pautas.
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