Gleisi busca frear anistia no Congresso

Gleisi busca frear anistia no Congresso

Ministros do centro recebem orientação para barrar votação

Em Brasília, a ministra Gleisi Hoffmann (Secretaria de Relações Institucionais) convocou uma reunião com indicados de partidos do centro para reforçar a articulação do governo junto aos líderes partidários na Câmara e no Senado. A principal orientação foi clara: atuar com empenho para evitar que o projeto de anistia aos condenados pelos ataques de 8 de janeiro avance e seja levado a votação.

Contexto político e estratégia do Planalto

O Planalto tem adotado posição de oposição ao PL da Anistia e busca evitar que a pauta seja colocada em plenário, diante da avaliação de que o projeto tem potencial para ser aprovado caso seja pautado. Gleisi pediu que os ministros dos partidos com representantes na Esplanada, especialmente indicados do PSD, MDB e União Brasil, intensifiquem o diálogo com as lideranças parlamentares para impedir a tramitação imediata.

Na visão do governo, a prioridade do Legislativo deveria ser aprovar propostas que dialogam diretamente com a população e que possam fortalecer a imagem da gestão, em vez de pautas que dividem o cenário político e institucional. Essa perspectiva motivou a orientação para que dirigentes reforcem apoio ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), diante das pressões pelo avanço da proposta.

Argumentos jurídicos e políticos contra a anistia

Segundo relatos de participantes do encontro, Gleisi ressaltou que discutir anistia num processo em que os envolvidos ainda não foram julgados é problemático. A preocupação é dupla: além do aspecto jurídico, há o risco político de legitimar ações que atentaram contra a ordem democrática, gerando repercussão negativa nacional e internacional.

Integrantes do governo também avaliam que a aprovação da anistia poderia ser interpretada como um recado ao exterior, num momento de tensão diplomática. Citou-se ainda a proximidade do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no STF como fator que acelerou negociações por parte de grupos no Congresso interessados em solucionar o tema por via legislativa.

Prioridades da agenda do Executivo

Além de pedir empenho para barrar a anistia, Gleisi enfatizou a necessidade de empenho parlamentar na aprovação de propostas consideradas prioritárias pelo Executivo. Entre os principais projetos mencionados estão medidas econômicas e sociais que têm apelo popular e podem contribuir para a avaliação do governo.

  • Isenção do IR para quem ganha até R$ 5.000;
  • Ampliação do fornecimento de energia elétrica gratuita para milhões de famílias;
  • Distribuição gratuita de botijão de gás (GLP) de 13 kg para famílias cadastradas no CadÚnico com renda per capita reduzida;
  • PEC da Segurança Pública, proposta estratégica para reforçar a agenda de ordem pública do governo.

Essas propostas, segundo a ministra, são prioritárias por dialogarem diretamente com as demandas sociais e por terem potencial de impacto na avaliação do Executivo junto ao eleitorado.

Coordenação entre Esplanada e líderes parlamentares

O encontro teve como objetivo coordenar a atuação dos ministros para alinhar os interesses do Planalto e evitar que pautas que possam desgastar o governo sejam colocadas em votação. A estratégia passa por conversas com líderes de bancada e pelo fortalecimento institucional do presidente da Câmara, que tem prerrogativa de definir a inclusão de temas na pauta.

Gleisi citou a importância de construir entendimento com bancadas e com parlamentares independentes para formar uma frente que favoreça a agenda social do governo e inviabilize avanços legislativos considerados prejudiciais do ponto de vista democrático.

Pressões externas e internações políticas

Fontes ouvidas apontaram que houve movimentações na última semana relacionadas ao início do julgamento no Supremo Tribunal Federal do ex-presidente Jair Bolsonaro, o que motivou negociações entre partidos do centrão e líderes estaduais. Também foi mencionada a atuação de governadores e a influência das bancadas no avanço de propostas sensíveis como a anistia.

Além disso, houve relatos de que a aprovação da anistia poderia ser interpretada como uma vitória política de atores externos, numa referência implícita à conjuntura internacional. Esse argumento reforça a preocupação do governo com os impactos diplomáticos e simbólicos de uma eventual aprovação.

Citação oficial do governo

Ao comunicar o resultado do encontro nas redes sociais, a ministra reafirmou a prioridade da agenda social e legislativa, destacando a convergência com presidentes das duas casas do Congresso: "Esta é a agenda que dialoga com os interesses do país e do povo, em consonância com o que veem afirmando os presidentes Hugo Motta e Davi Alcolumbre", escreveu.

O que vem a seguir

Nos próximos dias, a expectativa é que o governo intensifique reuniões com líderes e que os ministros façam o trabalho de convencimento nos respectivos partidos. A tática do Planalto é retirar a urgência política sobre a anistia e priorizar votações que tenham impacto social imediato, como medidas econômicas e de inclusão.

Seus desdobramentos dependerão da capacidade de articulação do Executivo e da correlação de forças no Congresso. Caso a proposta da anistia seja pautada, o embate pode se tornar central na agenda política das próximas semanas.

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