UnB expulsa youtuber por gravar aulas e criticar professores

UnB expulsa youtuber por gravar aulas e criticar professores

Expulsão confirmada pela UnB após processo disciplinar

A Universidade de Brasília (UnB) confirmou a expulsão do estudante Wilker Leão de Sá, que cursava História, após a conclusão de um processo disciplinar discente. A decisão, publicada pela reitoria, aponta que o aluno gravava professores e colegas sem autorização e divulgava os conteúdos em suas redes sociais em tom crítico, comportamento que a instituição considerou reincidente e incompatível com os valores acadêmicos.

Segundo a nota oficial da universidade, o ato "está em conformidade com as recomendações do relatório final do PDD e o parecer da Procuradoria Federal junto à UnB" e, ainda que haja previsão de recurso, o estudante "foi excluído da instituição e está impedido de realizar novos registros de matrícula".

Contexto e alcance nas redes

O caso ganhou repercussão nacional devido ao grande alcance do canal de Wilker Leão: com mais de 940 mil inscritos no YouTube e mais de 2 milhões de seguidores em todas as redes, suas publicações alcançavam ampla visibilidade. Em diversos vídeos, o estudante argumentava ter escolhido o curso de História "justamente por ser um dos cursos que a esquerda mais dominou com suas narrativas ideológicas e doutrinárias" e afirmava que seu objetivo era "combater isso" dentro da universidade.

Essas declarações e as gravações feitas em ambiente acadêmico motivaram não apenas o procedimento administrativo interno da UnB, como também ações judiciais. Em agosto, Leão foi condenado pela Justiça do Distrito Federal por difamação e injúria contra um professor — sentença que converteu pena privativa em multas. A juíza responsável entendeu que houve "violação à honra objetiva" da vítima, relevante para o contexto disciplinar na instituição.

Impacto no ambiente universitário

A administração da UnB destacou que as gravações realizadas sem autorização atrapalhavam o andamento das aulas e prejudicavam o aprendizado dos demais estudantes. Além da perturbação direta à rotina das disciplinas, tais ações geraram um ambiente de tensão no campus, com relatos de alunos e professores se sentindo expostos e desrespeitados.

Segundo a universidade, houve também a convocação de um ato no campus que, conforme a reitoria, teria tido caráter estimulador de violência contra outros estudantes. Em face desses acontecimentos, a instituição avaliou que as condutas apresentadas pelo estudante se enquadravam em faltas graves, passíveis de pena máxima no âmbito disciplinar.

Infrações

  • Reincidir em falta passível da pena máxima de suspensão;
  • Caluniar, injuriar e difamar membros da comunidade universitária;
  • Desacatar professores, alunos e técnicos;
  • Praticar atos que violam direitos humanos;
  • Adotar condutas incompatíveis com os valores da Universidade.

O levantamento do processo aponta que o conjunto desses atos, repetidos ao longo do tempo, levou a UnB a optar pela medida de exclusão, respaldada pelo relatório final do PDD e pelo parecer da Procuradoria Federal junto à instituição.

Aspectos legais e disciplinares

Do ponto de vista disciplinar, universidades públicas possuem regimentos internos que disciplinam comportamentos que atentem contra a ordem acadêmica, a segurança e a integridade da comunidade universitária. Gravações não autorizadas, exposição indevida de terceiros e discursos que configurem ataques à honra de docentes ou discentes podem ensejar sanções administrativas, civis e, em alguns casos, penais.

No processo que tramitou na Justiça do Distrito Federal, a condenação por difamação e injúria também pesou politicamente, demonstrando que ações dentro e fora da universidade se comunicam e têm repercussões. A decisão judicial que resultou em multa reforça a ideia de que liberdade de expressão não é sinônimo de imunidade frente a ofensas ou condutas que extrapolem direitos de terceiros.

Repercussões e manifestações

Até o momento, a reportagem procurou o ex-aluno por meio das redes sociais, mas não obteve resposta. A UnB mantém o espaço institucional para apresentação de recurso e esclarecimentos, e a reitoria reafirmou que a decisão seguiu trâmites previstos no ordenamento interno e em pareceres jurídicos competentes.

Entre especialistas, o episódio motivou debates sobre limites da atuação de influenciadores em ambientes acadêmicos, proteção à privacidade e à honra, e sobre os mecanismos que as universidades têm à disposição para proteger sua comunidade. Para muitos docentes e alunos, a medida tomada pela UnB sinaliza a necessidade de preservar um ambiente de ensino livre de intimidações e interrupções que prejudiquem o processo pedagógico.

Considerações finais

O caso da UnB coloca em evidência a tensão contemporânea entre liberdade de expressão, atuação de criadores de conteúdo e responsabilidade institucional. Enquanto uns defendem a presença de vozes críticas no ambiente universitário, outros apontam para a necessidade de respeitar regras, direitos e o bom funcionamento das atividades acadêmicas.

Para a universidade, a decisão representa uma resposta institucional a práticas consideradas repetidamente danosas; para a comunidade acadêmica, abre espaço para reflexões sobre convivência, proteção de direitos e limites da atuação nas redes sociais.

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