Lula afirma que só não disputará 2026 por saúde
06/09/2025, 15:33:44Declarações sobre 2026 e postura diante da oposição
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a falar sobre a possibilidade de disputar a eleição presidencial de 2026, reafirmando que a decisão será tomada no ano que vem e que fatores como sua saúde poderão influenciar essa definição. Apesar de não confirmar formalmente sua candidatura como representante do PT, Lula foi enfático ao reduzir as chances de desistência a circunstâncias específicas.
Ao comentar sobre eventuais adversários, o presidente lembrou sua trajetória em campanhas anteriores e afastou receio de enfrentar qualquer concorrente: "Eu não escolho adversário. Sinceramente, eu já disputei tantas eleições, já disputei com tanta gente". Em seguida, completou: "Eu tenho uma trajetória política que quem deve estar preocupado são meus possíveis adversários."
O petista também deixou claro seu posicionamento quanto ao retorno da direita ao poder: "a extrema direita não vai voltar a governar este país". Sobre a própria participação no pleito, afirmou: "Se eu estiver com o estado que eu estou hoje, com a saúde que eu estou hoje, posso te dizer que eu não tenho duvidas que eu serei candidato a presidência da República".
CLT e comparação histórica
Em outra parte da entrevista, Lula citou Getúlio Vargas como referência ao discutir políticas de inclusão social e a necessidade de atualização nas leis trabalhistas. Para o presidente, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) é uma conquista importante, mas precisa passar por adaptações.
Segundo ele: "O que você precisa não é acabar com a CLT, é reestruturá-la para adequá-la aos tempos de hoje. Tudo na vida muda e você tem que ir atualizando, mas acabar com a CLT é você acabar com aquilo que de maior segurança o trabalhador brasileiro já tem". Em complemento, destacou a importância da contratação coletiva: "Se os empresários quiserem ir acabando com a CLT, vão ter que ficar muito amadurecidos e fazer uma coisa chamada contratação coletiva de trabalho, que muito empresário não quer fazer."
Tensão entre EUA e Venezuela: posição do Brasil
Questionado sobre um possível alinhamento em um eventual conflito entre Estados Unidos e Venezuela, Lula foi enfático ao defender a neutralidade baseada na busca pela paz. Para o presidente, o melhor caminho sempre será a negociação diplomática.
Ele resumiu sua posição afirmando: "O Brasil vai ficar do lado que ele sempre esteve: do lado da paz". O discurso reforça a intenção de evitar envolvimento direto em contenciosos internacionais e privilegia o diálogo como instrumento para a resolução de divergências.
Posicionamento sobre Israel e Palestina
Na entrevista, Lula também comentou a complexa situação entre Israel e Palestina e reagiu às acusações de simpatia ao Hamas. O presidente negou com veemência qualquer ligação com o grupo e reafirmou sua defesa do Estado Palestino.
Trechos da fala destacam a posição do chefe do Executivo: "Se alguém diz que eu tenho simpatia pelo Hamas, é de uma ignorância, de uma má fé e de uma estupidez que não merece crédito. Eu defendo o Estado Palestino". Ele acrescentou: "Eu sou defensor do Estado Palestino que convida harmonicamente com o Estado de Israel e sou totalmente contra a ocupação de Israel na Faixa de Gaza".
Lula foi além ao qualificar a campanha em Gaza como genocídio e sugeriu que grupos da comunidade judaica brasileira enviem críticas diretas ao governo israelense. "Eu acho que a comunidade judaica deveria mandar uma carta para o [primeiro-ministro de Israel] Netanyahu e dizer que ele não está fazendo guerra contra o Hamas, está matando mulheres e crianças", afirmou.
Outros pontos: Bolsonaro e regulação das redes sociais
Ao abordar figuras políticas nacionais, o presidente fez observações sobre o ex-chefe do Executivo: segundo Lula, Jair Bolsonaro "não é uma figura normal". Ainda nesse bloco, defendeu a necessidade de regulação das redes sociais como forma de controle de desinformação e de gestão do debate público.
Pontos-chave da entrevista
- Decisão sobre 2026: dependerá da saúde e de avaliação política no próximo ano.
- Concorrência eleitoral: Lula diz não temer adversários e lembra sua experiência em campanhas.
- Direitos trabalhistas: defende reformulação da CLT em vez de extinção.
- Política externa: posicionamento a favor da paz e do diálogo, sem apoio a intervenções militares.
Implicações políticas e eleitorais
As declarações de Lula abrem espaço para interpretações estratégicas dentro do tabuleiro político brasileiro. Ao condicionar a candidatura à saúde, o presidente mantém uma margem de flexibilidade para as decisões do PT e para eventual surgimento de líderes que possam agregar força ao projeto partidário.
Por outro lado, o discurso contra a volta da extrema direita e a ênfase em mensagens sociais e trabalhistas reforçam a narrativa do governo em buscar continuidade de políticas de inclusão e proteção ao trabalhador — temas centrais para a base do PT.
Conclusão
A fala de Lula sobre 2026 combina uma afirmação de intenção com cautela, apontando saúde e conjuntura política como variáveis determinantes. Ao mesmo tempo, os posicionamentos sobre CLT, política externa e regulação digital mostram a preocupação do governo em discutir temas centrais para a agenda nacional. A conversa deixa claro que a definição final será política, pessoal e estratégica.
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