Kassab e Baleia sob pressão de bolsonaristas por anistia
06/09/2025, 23:31:20Contexto e pressão política
Gilberto Kassab, presidente do PSD, e Baleia Rossi, presidente do MDB, passaram a ser alvo de críticas e pressões de bolsonaristas após parlamentares de seus partidos decidirem não apoiar uma anistia ampla no Congresso. A discussão sobre anistia política reacendeu debates sobre responsabilidades, estratégias eleitorais e o papel do Congresso em temas sensíveis, como a recuperação de direitos políticos do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Nas últimas semanas, aliados de Bolsonaro intensificaram a cobrança contra lideranças partidárias que, segundo eles, buscam manter influência sem se expor em posições polêmicas. Essa tensão expõe uma divisão interna entre a defesa de interesses eleitorais e a adoção de posições públicas claras em temas que mobilizam a opinião pública e tribunais.
Por que a anistia provoca reação
A proposta de anistia amplia o conflito entre diferentes forças políticas porque não se trata apenas de um benefício legal: envolve avaliação sobre a responsabilidade por atos violentos, a imagem das instituições e a resposta do sistema judiciário. Para aliados de Bolsonaro, a anistia é um instrumento que poderia restaurar direitos políticos e permitir a reentrada do ex-presidente em disputas eleitorais em melhores condições.
Por outro lado, setores do governo, do Supremo Tribunal Federal e parte do Senado enxergam na anistia ampla um risco institucional, ao potencialmente premiar condutas que atentaram contra a ordem democrática. Essa divergência coloca Kassab e Baleia em uma posição delicada, já que ambos os partidos ocupam pastas no governo e ao mesmo tempo buscam espaço na disputa eleitoral regional e nacional.
Posições dos partidos
O PSD, segundo Kassab, pretende ter candidatura própria, salvo se Tarcísio de Freitas (Republicanos) entrar na disputa presidencial, o que poderia provocar uma mudança de estratégia. Já o MDB tem adotado postura mais neutra nacionalmente, permitindo que filiados escolham seus candidatos em várias unidades da federação. Essa flexibilidade é vista tanto como prudência quanto como falta de definição por críticos.
Regionalmente, os partidos apresentam dinâmicas distintas: no Sul tende a haver maior aproximação com a direita, enquanto no Nordeste há mais afinidade com a esquerda. Essas variações tornam a adoção de uma posição unificada sobre a anistia ainda mais complicada.
O plano de anistia e seus detalhes
O projeto mais divulgado na Câmara foi apresentado por Sóstenes Cavalcante (PL) e propõe anistia ampla e irrestrita para investigados, processados ou condenados por crimes relacionados aos atos de 8 de janeiro de 2023, além de outros crimes políticos desde março de 2019. A proposta inclui líderes, manifestantes e financiadores, com a intenção explícita de derrubar inelegibilidades e beneficiar diretamente figuras como Jair Bolsonaro.
O requerimento de urgência recebeu 262 assinaturas, mas o projeto ainda não foi pautado pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), que aguarda o desfecho do julgamento de Bolsonaro no STF. A tramitação do texto evidencia o choque entre a vontade de setores do Congresso e a cautela adotada por chefes de outros poderes e pelo Executivo.
Alternativas e resistências
Do outro lado, há resistência ao texto amplo. O governo federal, parte do Senado e o Supremo Tribunal Federal se colocam contrários à anistia irrestrita. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil), apresentou uma alternativa que prevê a redução de penas apenas para manifestantes de menor relevância, excluindo líderes e organizadores. A proposta de Alcolumbre busca penas proporcionais que preservem punições aos principais responsáveis pelos atos, tentando um meio-termo entre impunidade e punição excessiva.
Consequências políticas e eleitorais
A disputa em torno da anistia tende a ter reflexos diretos nas articulações eleitorais. A pressão de bolsonaristas sobre Kassab e Baleia pode intensificar rupturas locais e nacionalizar conflitos internos, forçando decisões que mexem com alianças e candidaturas. Líderes como Tarcísio de Freitas e Ricardo Nunes aparecem no tabuleiro como possíveis beneficiários ou vítimas das costuras políticas em São Paulo e a nível nacional.
Além disso, a posição dos partidos em relação à anistia pode influenciar a percepção do eleitorado e de aliados em campanhas futuras. A defesa ou rejeição da anistia pode se transformar em critério de fidelidade entre correntes internas, com impacto direto na capacidade de mobilização e captação de recursos e apoios.
Pontos-chave para acompanhar
- Tramitação do projeto: acompanhar se Hugo Motta pautará a proposta na Câmara.
- Decisão do STF: o julgamento de Bolsonaro no STF pode influenciar o cronograma e a pressão por anistia.
- Alternativas do Senado: propostas como a de Davi Alcolumbre podem reconfigurar o debate e limitar o alcance da anistia.
- Estratégia partidária: como PSD e MDB vão equilibrar cargos no governo e demandas eleitorais locais.
- Reação da opinião pública: protestos, apoio ou repúdio à anistia podem moldar decisões dos parlamentares.
Conclusão
A discussão sobre anistia mostra como temas jurídicos e simbólicos se entrelaçam com estratégias eleitorais. Kassab e Baleia estão no centro dessa disputa ao tentar conciliar interesses partidários, ocupação no governo e pressões de diferentes alas políticas. O desfecho dependerá não só das articulações no Congresso, mas também de decisões judiciais e reações da sociedade.
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