Austrália: manejo de cangurus é necessário

Austrália: manejo de cangurus é necessário

População de cangurus supera humanos e acende alerta ambiental

Símbolos nacionais da Austrália, os cangurus não são apenas ícones culturais: tornaram-se protagonistas de um desafio de manejo populacional. Estimativas do governo australiano indicam que há entre 40 e 50 milhões de indivíduos, número que ultrapassa a população humana do país, estimada em cerca de 28 milhões. Esse cenário levanta debates sobre equilíbrio ecológico, uso sustentável de recursos e políticas de controle populacional.

Por que o manejo é necessário?

O crescimento da população de cangurus tem impactos diretos sobre pastagens, plantações e habitats de outras espécies. Em regiões onde a vegetação não dá conta da demanda, a competição por alimento aumenta, o que pode levar à degradação do solo, perda de biodiversidade e sofrimento para os próprios animais. Diante disso, autoridades e especialistas discutem medidas que permitam conciliar conservação e bem-estar animal.

Caça regulada e indústria

A caça para controle populacional é permitida e regulada pelo governo australiano, integrando um sistema que visa controle e aproveitamento dos recursos. A bióloga Iasmin Macedo, presidente do Instituto Últimos Refúgios, explica que essa prática segue normas e fiscalização. Ela afirma: "O abate dos animais é controlado e existe uma indústria que consome a carne e o couro do animal. É um uso sustentável que acaba sendo necessário". Essa afirmação evidencia como o tema envolve tanto questões ambientais quanto econômicas.

Uso comercial da carne e do couro

A carne de canguru é comercializada para consumo humano e ração animal, valorizada pelo baixo teor de gordura e alto teor proteico. Já o couro é empregado na confecção de equipamentos esportivos e artigos de luxo, sendo comercializado no mercado interno e internacional. Organizações de proteção animal criticam o aproveitamento industrial, enquanto autoridades ressaltam a necessidade de manejo para evitar impactos maiores no ecossistema.

Argumentos a favor e contra

Para muitos conservacionistas e gestores, a intervenção humana é uma medida pragmática para evitar sofrimento em massa e danos ecológicos. Iasmin reforça esse ponto: "As pessoas acham que é crueldade, mas para a população de cangurus que permanece, o controle é importante. Sem ele, há uma disputa desenfreada por recursos, o que acaba sendo prejudicial para os próprios animais. Nesse caso, a intervenção humana se torna necessária." Por outro lado, ativistas defendem alternativas não letais, como barreiras, manejo de habitat e programas de reprodução controlada, que exigem investimento e planejamento a longo prazo.

Marsupiais no Brasil: diferenças e semelhanças

Embora os cangurus sejam exclusivos da Oceania, o Brasil também abriga diferentes espécies de marsupiais, como gambás, cuícas e catitas, com mais de 60 espécies no total. Esses animais desempenham papel importante no equilíbrio ecológico, controlando pragas e dispersando sementes. Iasmin, idealizadora do Projeto Marsupiais, observa que os marsupiais brasileiros frequentemente se adaptam a ambientes urbanos. "Principalmente os gambás, que são animais onívoros e oportunistas, ou seja, comem de tudo. Se aproveitam do que tem disponível. Existem algumas cuícas que estão se adaptando também ao ambiente urbano e têm aparecido vez ou outra."

Contribuições ecológicas dos marsupiais

Os marsupiais brasileiros contribuem para o controle de pragas — alimentam-se de insetos e pequenos vertebrados — e também ajudam na dispersão de sementes, favorecendo o reflorestamento natural. Como explica Iasmin: "Eles se alimentam de espécies que trazem certo prejuízo, como pragas e animais perigosos como escorpião, serpentes, entre outros. Esses animais também se alimentam de frutos e dispersam suas sementes e promovendo o reflorestamento."

Origem e evolução dos marsupiais

Mesmo pertencendo ao mesmo grupo, marsupiais australianos e americanos evoluíram de forma distinta. A bióloga detalha que, no passado, esses animais existiam nas Américas e migraram para a Austrália via a região da Antártida. "Após congelamento, as espécies se isolaram, o que levou à diferenciação entre os indivíduos das Américas e os da Oceania."

Os marsupiais brasileiros tendem a ser bem menores do que os cangurus. O maior entre eles dificilmente ultrapassa dois quilos, enquanto um canguru-vermelho pode atingir mais de 2 metros de altura, sendo o maior marsupial vivo.

Perspectivas para conservação e manejo

O debate sobre manejo de cangurus na Austrália evidencia a complexidade das políticas de conservação: é preciso conciliar interesses econômicos, bem-estar animal e saúde dos ecossistemas. Medidas eficazes demandam monitoramento contínuo das populações, planejamento regionalizado e diálogo entre comunidades locais, cientistas e governos. Alternativas não letais também devem ser estudadas e testadas, quando viáveis, como parte de uma estratégia integrada.

Conclusão

O caso australiano mostra que o equilíbrio entre a presença humana e a fauna exige decisões difíceis, pautadas por ciência e transparência. A população elevada de cangurus exige manejo responsável, políticas claras e fiscalização para garantir que qualquer intervenção minimize danos e promova a conservação do ecossistema.

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