Acidentes evitáveis aumentam mortalidade laboral na Catalunha

Acidentes evitáveis aumentam mortalidade laboral na Catalunha

Panorama alarmante da mortalidade laboral

Os dados de 2025 apontam uma tendência preocupante na Catalunha: nos sete primeiros meses do ano foram registradas 52 mortes durante a jornada de trabalho, um aumento de 44,4% em relação ao mesmo período de 2024. Ainda houve 12 óbitos in itinere, ocorridos no trajeto entre casa e trabalho, que chegaram a cair 25% — um indicador que contrasta com a piora geral da mortalidade laboral.

O que dizem os números

Embora a sinistralidade total com afastamento tenha recuado 2% no período, a elevação das mortes revela falhas graves na prevenção. As ocorrências traumáticas — quedas, esmagamentos e eletrocuções — somam 26 casos, enquanto 22 são classificados como não traumáticos, como infartos e problemas relacionados ao estresse. Quatro mortes estiveram relacionadas a acidentes de trânsito. Do total, 51 vítimas eram homens e apenas 1 era mulher. Por setor, quase metade das mortes ocorreu em serviços (24), seguida por construção (14), indústria (12) e agricultura (2).

Prevenção insuficiente e causas evitáveis

Para especialistas e sindicatos, a gravidade do quadro está nos padrões observados: cerca de metade das mortes poderia ser evitada com medidas simples de prevenção voltadas para evitar quedas, esmagamentos e choques elétricos. Nesse sentido, a análise do Observatório do Trabalho e do Modelo Produtivo mostra que a prevenção muitas vezes é fragmentada ou terceirizada, reduzindo sua eficácia.

Como ressalta Mònica Pérez, responsável pela saúde laboral da CCOO na Catalunha, \"A outra grande causa de mortalidade está relacionada à organização do trabalho, ao estresse, à carga e aos ritmos de trabalho.\" A dimensão psicossocial da segurança tem ganhado peso nas discussões, sobretudo porque apenas 5% das empresas cobrem integralmente a prevenção de riscos psicossociais.

Fragilidade institucional e externalização

A externalização é apontada como fator estrutural da fragilidade do sistema de prevenção: apenas cerca de um terço das empresas realiza o ciclo completo de prevenção, da avaliação dos riscos à implementação de medidas. Cerca de 82% das empresas terceirizam tarefas a prestadores externos, e líderes sindicais alertam que essa prática muitas vezes transforma a prevenção em burocracia, com documentos arquivados sem aplicação efetiva.

Reyes Solaz, secretário-geral de saúde da UGT Catalunha, descreve o problema de forma direta: \"Há uma grande negligência por parte das empresas\", apontando para a falta de EPIs adequados, equipamentos em mau estado, horários não respeitados e planos de prevenção que servem apenas para evitar multas.

Proposta do plano de choque e impasse nas negociações

Em resposta à escalada da mortalidade, sindicatos defendem um plano de choque para reforçar a prevenção. Em maio, o conselheiro de Empresa e Trabalho, Miquel Sàmper, anunciou um plano em fase inicial que prevê a criação de um corpo de delegados territoriais para atuar especialmente em pequenas e médias empresas sem delegados de prevenção, com o objetivo de monitorar o cumprimento da normativa e alcançar 1.000 empresas na primeira etapa.

O plano contempla atuação em duplas, com participação paritária de sindicatos e organizações patronais, e a possibilidade de denúncias diretas à Inspeção do Trabalho. Fontes da Generalitat indicam que o plano ainda não foi finalizado e que detalhes devem ser divulgados em breve.

No entanto, a negociação avança lentamente devido à oposição da patronal Foment del Treball, que considera a iniciativa uma intromissão na gestão interna das empresas e uma sobrecarga burocrática que pode gerar insegurança jurídica. Críticos lembram que um modelo semelhante existe em Asturias, o que abre espaço para análises comparativas sobre eficácia e impactos práticos.

Medidas práticas para reduzir mortes evitáveis

A partir das causas identificadas, é possível listar ações concretas que contribuiriam para reduzir a mortalidade laboral:

  • Fortalecer a fiscalização: ampliar a atuação da Inspeção do Trabalho e garantir respostas rápidas a denúncias.
  • Garantir EPIs adequados: exigir equipamentos em bom estado e sua utilização efetiva.
  • Formação contínua: promover treinamentos práticos sobre riscos específicos, como trabalhos em altura e serviços elétricos.
  • Prevenção psicossocial: implementar programas para gerenciar estresse, cargas e ritmos de trabalho.
  • Monitoramento em pequenas empresas: inserir delegados territoriais para apoiar empresas sem estrutura própria de prevenção.

Para além de ajustes pontuais

O debate não se limita a corrigir falhas técnicas. Há uma ligação direta entre organização do trabalho, pressão por produtividade, ritmos intensos e o aumento de problemas de saúde que culminam em mortes não traumáticas. Redesenhar a proteção aos trabalhadores passa por políticas públicas, compromisso empresarial e fiscalização efetiva.

Como sintetiza a avaliação de representantes sindicais, \"A avaliação que fazemos não é boa: a metade das mortes é evitável porque envolve quedas, esmagamentos ou choques elétricos. A outra grande causa está ligada à organização do trabalho, ao estresse e aos ritmos de trabalho.\" São palavras que colocam em evidência a urgência de medidas estruturais.

Conclusão e chamada para ação

A subida de 44,4% nas mortes laborais na Catalunha é um sinal de alerta para empregadores, autoridades e sociedade. A implementação de um plano de choque robusto, a melhoria na prevenção e a atenção às condições psicossociais de trabalho são passos essenciais para reverter essa tendência.

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