Moro assume União Brasil no Paraná e enfrenta resistências
06/09/2025, 09:31:15Contexto e anúncio
O senador Sergio Moro confirmou que assumirá o comando do União Brasil no Paraná após articulação com a direção nacional da legenda. A decisão marca uma vitória política para Moro, que tenta consolidar apoio interno para sua possível candidatura ao governo do estado em 2026. Apesar do avanço formal, a trajetória até a disputa segue repleta de desafios e resistências dentro do próprio partido e entre potenciais aliados.
Pesquisas e cenário eleitoral
Em pesquisas recentes, Moro aparece em posição confortável: a pesquisa Genial/Quaest, divulgada em agosto, mostra o ex-juiz com 38% das intenções de voto em um cenário com três adversários apresentados aos entrevistados. Esses números colocam Moro como favorito, mas a dinâmica política local e a fragmentação das forças conservadoras complicam a projeção para 2026.
Principais concorrentes
- Paulo Martins (Novo) — atual vice-prefeito de Curitiba e ex-deputado federal, que migrou para o Novo e já demonstra potencial de voto, com 8% na pesquisa mencionada.
- Enio Verri (PT) — diretor-presidente da Itaipu, com 7% das intenções.
- Guto Silva (PSD) — secretário de Estado das Cidades, figura alinhada ao governador Ratinho Junior, com 6%.
Além dos percentuais, chama atenção o alto índice de votos em branco e nulos (28%) e a parcela de indecisos (13%), sinalizando espaço para movimentações de alianças e eventos políticos que podem alterar as preferências.
Relação com a cúpula regional e troca de comando
O União Brasil no Paraná vinha sendo controlado pela família Francischini. O deputado federal Felipe Francischini renunciou à presidência da legenda em carta divulgada por Moro em uma rede social. Nela, Felipe diz que sai "com sentimento de missão cumprida" pelos resultados eleitorais de 2020 para cá e não menciona Moro. O senador, por sua vez, agradece o "gesto corajoso e altruísta" do parlamentar.
Embora a transição represente a consolidação do espaço de Moro na máquina partidária local, ela não elimina disputas antigas e conflitos gerados durante o ciclo eleitoral de 2024, quando o senador teve atritos com nomes do próprio partido em cidades-chave do Paraná.
Federação com o PP e impasses locais
Uma questão central é a relação com o PP no estado, que tem presença forte e interesses próprios. Apesar do avanço da federação entre União Brasil e PP no plano nacional, a composição no Paraná é delicada. Ricardo Barros, líder do PP, e Moro não são próximos politicamente, e o alinhamento entre as legendas não é automático.
Na noite em que a transferência do comando estadual foi confirmada, o PP paranaense divulgou nota afirmando que "ainda não há consenso quanto à indicação da presidência da federação" no estado. A falta de entendimento, segundo a legenda, implica na impossibilidade do registro de candidatura ao governo estadual na Justiça Eleitoral: "A falta de consenso reflete na impossibilidade do registro de candidatura ao governo do estado, na Justiça Eleitoral". "O Progressistas reafirma seu compromisso em construir decisões de forma coletiva, ouvindo todas as lideranças", conclui a nota.
Consequências práticas
- Impossibilidade de registro conjunto de candidatura caso o acordo não seja selado;
- Risco de fragmentação do eleitorado conservador entre União Brasil, PP e Novo;
- Dificuldade na montagem de palanques regionais e na ocupação de espaços administrativos no governo estadual.
Entrada de Paulo Martins e cena conservadora
A filiação de Paulo Martins ao Novo e sua intenção de disputar o governo ampliaram a concorrência no mesmo espectro político de Moro. Martins, que já enfrentou Moro em pleitos anteriores, tem conexões importantes dentro do estado, incluindo relação próxima com o governador Ratinho Junior.
O apoio de figuras como Deltan Dallagnol ao movimento de Martins foi expresso em declaração: "Paulo é alguém que luta pelas nossas liberdades, por princípios cristãos e conservadores. E alguém que é antipetista na mente e no coração". Essa declaração reforça como a fragmentação do campo conservador pode se dar tanto por personalidades quanto por projetos políticos diferentes.
Perdas e reflexos de 2024
No pleito municipal de 2024, a tentativa de lançar uma chapa competitiva em Curitiba não obteve o resultado esperado. A candidatura que contou com a participação de Rosangela Moro e Ney Leprevost obteve apenas 6,49% dos votos válidos, ficando em quarto lugar e demonstrando fragilidade do projeto local em relação ao grupo do governador Ratinho Junior.
Além disso, mudanças no primeiro escalão do governo estadual foram interpretadas como sinais políticos: trocas de nomes ligadas ao União Brasil demonstraram desgaste e a perda de espaço em pastas estratégicas, o que impacta na capacidade de articulação e distribuição de cargos que muitas vezes sustentam alianças eleitorais.
O que vem pela frente
Para que Moro avance de maneira efetiva rumo a uma candidatura ao governo em 2026, será preciso superar três desafios principais:
- Conseguir um acordo de federação operacional com o PP no Paraná;
- Neutralizar concorrentes no mesmo espectro político, como Paulo Martins;
- Reconstruir bases locais e ampliar o leque de alianças sem perder identidade política.
A movimentação nos próximos meses, com negociações internas e decisões sobre cargos e lideranças estaduais, será determinante para definir se a assunção do comando do partido por Moro terá força suficiente para destravar a via até o Palácio Iguaçu.
Conclusão
Embora a presidência do União Brasil no Paraná nas mãos de Sergio Moro represente um passo importante para sua projeção política, os entraves locais, a falta de consenso com o PP e a concorrência dentro do campo conservador mantêm a eleição estadual de 2026 em aberto. A trajetória exigirá articulação fina, negociação de expectativas e capacidade de ampliar apoios para transformar a vantagem nas pesquisas em viabilidade eleitoral concreta.
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