Adolescente recebe primeiro coração captado fora de Alagoas

Adolescente recebe primeiro coração captado fora de Alagoas

Transplante inédito em Alagoas devolve esperança a jovem de 16 anos

Um marco para a medicina e para a vida de um adolescente de Maceió: Samuel Jackson de Lima, 16 anos, recebeu um transplante de coração proveniente de um doador de Aracaju (SE). O procedimento, realizado no Hospital do Coração Alagoano, representa o primeiro caso em Alagoas de captação de coração para transplante feita fora do estado, um exemplo de cooperação interestadual entre equipes médicas e órgãos de apoio.

Histórico clínico e necessidade do transplante

Três anos antes do transplante, Samuel desenvolveu miocardite, uma inflamação do músculo cardíaco que, neste caso, foi desencadeada por dengue hemorrágica. A condição deixou sequelas graves: o jovem precisou interromper os estudos, dependia de ajuda para atividades básicas e passou por várias internações. Após tratamento clínico prolongado e o uso de medicamentos, os médicos concluíram que a única alternativa para manter sua vida era um transplante cardíaco. Ele entrou na fila de espera no início de 2025.

O momento decisivo

A notícia da disponibilidade de um coração chegou de forma emocionante. "Às quatro horas da manhã o telefone tocou. Quando eu vi que era do hospital, já sabia que a esperança de mudança de vida estava chegando para o meu filho". A ligação iniciou uma logística complexa e coordenada, envolvendo centrais de transplante, equipes hospitalares e órgãos de segurança pública para garantir a agilidade necessária no transporte do órgão.

Logística e cooperação entre instituições

Captar e transportar um coração entre estados exige planejamento, velocidade e sincronia. No caso de Samuel, uma força-tarefa foi mobilizada: equipe do hospital receptor, o programa Salva Mais Alagoas, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), a Polícia Militar de Sergipe e as Centrais de Transplante nacional e estaduais trabalharam de forma integrada para viabilizar o procedimento.

  • Captação em Aracaju: equipe local realizou a coleta do órgão com toda a segurança técnica necessária.
  • Transporte coordenado: órgãos de segurança e serviços de urgência garantiram deslocamento rápido entre os locais.
  • Equipe cirúrgica em Maceió: preparado para receber o órgão e realizar o transplante assim que este chegasse.

Palavras dos profissionais envolvidos

O cirurgião cardiovascular Diego Andrade, um dos responsáveis pela captação e pelo transplante, ressaltou a importância do trabalho em equipe: "Foi uma operação marcada por muita cooperação e sinergia entre várias equipes. Do momento da captação em Aracaju até o transplante em Maceió, cada profissional envolvido trabalhou com foco em salvar uma vida. Essa parceria entre hospitais, centrais de transplante e órgãos de apoio como Samu e o Programa Salva Mais Alagoas mostra que, quando nos unimos, conseguimos alcançar resultados extraordinários. É uma vitória para a medicina e, principalmente, para os pacientes que depositam em nós sua esperança".

Recuperação e impacto na família

Após a cirurgia, Samuel segue em recuperação no hospital, acompanhado pela mãe. A família viveu momentos de angústia desde a infecção que desencadeou a miocardite até a espera pela doação. A possibilidade de um novo coração devolve perspectivas e planos interrompidos pela doença.

A mãe de Samuel descreveu o impacto do processo e a emoção ao saber da doação: "Na época, ele tinha 13 anos e parou tudo. Ele teve que parar de estudar. Tinha que ter auxílio para tomar banho, para tudo. Tinha que usar muitos medicamentos. Foi muito sofrimento, muitas internações". Ela também relatou a intensa mistura de sentimentos ao receber a notícia do órgão disponível: "Eu só chorava e agradecia. A esperança de saber que ele poderá ter a vida de volta me enche de alegria. Todos do hospital estavam esperando comigo, todos emocionados, e me senti tão acolhida. Foi uma bênção de Deus. Gratidão demais, porque, em meio a uma dor tão grande, uma família disse ‘sim’, nos dando a chance de sonhar com um futuro pela frente".

O papel da doação de órgãos

Este caso destaca a importância da doação de órgãos e de uma estrutura eficiente de transplantes. A captação interestadual demonstra que, quando há coordenação entre centrais de transplante, hospitais e órgãos públicos, é possível salvar vidas que dependem da agilidade e da tecnologia disponível.

  • Conscientização: falar sobre doação de órgãos é essencial para aumentar o número de doadores.
  • Rede integrada: a troca de informações e logística entre estados pode ampliar as chances de compatibilidade e sucesso.
  • Suporte pós-transplante: acompanhamento médico e social é fundamental para a recuperação do paciente.

Considerações finais

O transplante de Samuel é um exemplo de como avanços médicos, parcerias e solidariedade se convergem em resultados que transformam vidas. Além de marcar um feito para Alagoas, o procedimento lembra a urgência de políticas de saúde que fortaleçam as centrais de transplante e promovam a cultura de doação.

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