Operação mira rede de cogumelos mágicos no Brasil

Operação Psicose desmonta rede nacional de venda de "cogumelos mágicos"

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) deflagrou, na manhã desta quinta-feira, a chamada Operação Psicose, que atingiu uma organização criminosa responsável pela produção e distribuição de "cogumelos mágicos" em diversos estados brasileiros. Segundo a investigação, trata-se de um dos maiores esquemas já identificados envolvendo drogas psicodélicas no país, com movimentação financeira e logística sofisticadas.

Escala e alcance da operação

As ações coordenadas pela PCDF resultaram na prisão de nove pessoas e na apreensão de milhares de pacotes contendo substâncias com psilocibina. A operação alcançou pelo menos oito estados, entre eles Distrito Federal, Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Pará, Santa Catarina, Espírito Santo e São Paulo. A investigação aponta que a organização chegou a movimentar valores significativos: estimativas indicam que o grupo poderia faturar até R$ 200 mil por dia, totalizando cerca de R$ 26 milhões em um ano.

Como era o esquema

O modelo de atuação da quadrilha combinava produção centralizada, divulgação digital e uma logística voltada para a entrega em todo o país. Parte da manufatura ocorria no Distrito Federal, enquanto a base principal da organização foi localizada em Curitiba, no Paraná, onde galpões eram transformados em laboratórios e salas de cultivo com capacidade de produzir grandes volumes mensalmente.

Modus operandi

• Produção em larga escala em estruturas semelhantes a laboratórios;
• Formulações variadas: cogumelos desidratados, mistura com mel e produtos encapsulados;
• Vendas por meio das redes sociais, com uso de influenciadores e patrocínio a eventos eletrônicos;
• Modelo de dropshipping para evitar estoques visíveis e dispersar o envio via Correios.

O público-alvo identificado eram principalmente jovens frequentadores de festas de música eletrônica, atraídos por promessas de experiências sensoriais ou, em alguns anúncios, por falsas promessas terapêuticas para depressão e ansiedade.

Riscos e criminalidade envolvida

Produtos contendo psilocibina são proibidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e podem causar efeitos graves, como psicose, transtornos mentais e desconexão da realidade. Além dos riscos à saúde pública, a investigação indica crimes que vão além do tráfico: lavagem de dinheiro, participação em organização criminosa e até disseminação de espécies que podem causar danos ao meio ambiente e à agricultura.

Acusações e desdobramentos legais

De acordo com a PCDF, os investigados devem responder por uma série de crimes, entre os quais:

• Tráfico de drogas qualificado;
• Lavagem de dinheiro;
• Participação em organização criminosa;
• Promoção de publicidade abusiva e curandeirismo;
• Atividades que possam causar dano à agricultura, pecuária, fauna ou ecossistemas.

Impacto nas investigações sobre drogas psicodélicas

A ação representa um marco na repressão ao comércio de substâncias psicodélicas no Brasil, evidenciando a profissionalização de redes que exploram vícios de mercado e lacunas na fiscalização. A utilização de contratos com influenciadores digitais e a participação em eventos eletrônicos mostram uma estratégia de mercado alinhada a técnicas modernas de marketing, o que torna a ação policial ainda mais relevante para desmantelar redes semelhantes.

O que muda para a fiscalização e prevenção

Especialistas ressaltam que desarticular uma estrutura desse porte exige integração entre órgãos policiais, agências de vigilância sanitária e operadores dos serviços postais. A apreensão de milhares de pacotes e a descoberta da logística de dropshipping apontam para a necessidade de mecanismos mais rápidos de rastreamento e bloqueio de envios suspeitos.

Conclusão

A Operação Psicose mostra a complexidade das novas formas de tráfico e distribuição de drogas no Brasil, assim como a capacidade das forças de segurança de enfrentar operações com grande capilaridade e sofisticação. É fundamental que a sociedade acompanhe desdobramentos judiciais e medidas de prevenção para reduzir os riscos associados ao uso dessas substâncias e desmotivar redes criminosas.

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