Malafaia afirma risco de prisão e critica líderes covardes

Malafaia afirma risco de prisão e critica líderes covardes

O pastor Silas Malafaia voltou ao centro do noticiário ao comentar publicamente as investigações que o envolvem e ao criticar colegas evangélicos que, segundo ele, optam pelo silêncio. Em declaração à imprensa, o líder religioso chamou alguns pares de "covardes" e afirmou que, caso seja detido, "Se eu for preso vai ser a maior covardia" e que isso configuraria "pura perseguição política e religiosa".

Contexto e acusações

Nos últimos meses, Malafaia passou a integrar um inquérito que investiga financiamento de atos antidemocráticos, conversas com o ex-presidente Jair Bolsonaro e mensagens contrárias ao ministro do STF Alexandre de Moraes. Em operação, a Polícia Federal apreendeu seu passaporte, celular e "meus cadernos de esboços bíblicos, minha ferramenta de trabalho", itens que o pastor considera provas de perseguição religiosa e tentativa de silenciá-lo.

Covardes

Em entrevista dada no primeiro dia do julgamento de Bolsonaro no STF, Malafaia classificou como "covardes" os pastores que preferem não se posicionar diante do confronto com o Judiciário. Para ele, existem três grupos entre os líderes evangélicos:

  • os que não se posicionam politicamente e evitam envolvimento em eleições;
  • os que, por medo de retaliações, ficam omissos e se afastam de debates públicos;
  • e os que não dominam argumentos políticos e preferem calar.

Segundo o pastor, esse recuo tem efeitos práticos: "Você quer que eles se exponham para falar de política?" afirmou, ressaltando que a timidez de alguns líderes pode ter implicações na mobilização política do segmento.

Sobre a possibilidade de prisão

Malafaia não descartou a hipótese de ser preso e reagiu com veemência à investigação: "Se eu for preso vai ser a maior covardia". Ele defende que sua atuação é política e religiosa, e que qualquer medida contra si seria motivada por perseguição. Além disso, declarou: "Não tenho medo de ser preso por Moraes."

Financiamento de atos

O pastor reconheceu ter financiado atos bolsonaristas usando recursos da editora Central Gospel, mas afirmou que não utilizou a conta bancária da igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo. Ele citou um episódio em 2022, quando disse ter desembolsado R$ 35 mil para um trio elétrico em Copacabana, e questionou a exigência de prestar contas detalhadas sobre despesas particulares relacionadas a manifestações políticas: "É um direito meu. Agora, você vai me desculpar, eu nunca vi o PT, que faz manifestações com dinheiro público, dizer quanto gastou. E por que eu tenho que dizer?"

Relação com os Bolsonaro

Malafaia traça uma relação de longa data com Jair Bolsonaro, com quem diz ter amizade de duas décadas e lembrar até do casamento do ex-presidente com Michelle, em 2013. Apesar da proximidade, o pastor tenta se distanciar de rótulos simplistas: "Sou aliado, não alienado nem bolsominion." Ele também comentou a liberdade que se permite ao criticar membros da família Bolsonaro, citando conversas e até palavrões que trocou em áudios com o ex-presidente.

Ambições e rejeição à candidatura

Mesmo com sugestões de aliados para que concorra à Presidência em 2026, Malafaia rejeita a ideia com firmeza: "Não sou candidato a nada, nem a quinto carimbador de condomínio." Prefere se definir como "uma pequena influência no mundo evangélico" e "uma voz profética", minimizando a hipótese de entrar no jogo eleitoral como protagonista.

Abordagem e linguagem

As mensagens trocadas com Bolsonaro mostram um Malafaia por vezes mais agressivo no tom, usando palavrões e linguagem coloquial. Para ele, esse vocabulário atesta sua humanidade: "Nunca passei imagem de Superman evangélico ou super-santo. Tenho falhas. De vez em quando falo coisa indevida." Em outro momento, cita a Bíblia para rebater críticas: "Fico com Mateus, capítulo 7. Jesus diz assim: hipócrita, antes de querer tirar o cisco do olho de uma pessoa, tira a trave que está no seu. É fácil criticar conversas pessoais, sabe? Quem não tem pecados que atire a primeira pedra."

Impacto no campo da direita

Malafaia prevê atritos na direita enquanto surgem disputas para definir quem pode ser o herdeiro do bolsonarismo em 2026. Para ele, contradições internas são naturais e não necessariamente prejudiciais a longo prazo: "A direita não é igual à esquerda, que Lula, preso, liberou o nome de Fernando Haddad [para a chapa presidencial de 2018], e a esquerda toda calada, sem falar nada." Ainda assim, admite que haverá tensão à medida que o processo eleitoral se aproximar.

Conclusão

O depoimento público de Silas Malafaia reforça a intersecção entre religião e política no Brasil e revela as disputas internas do campo conservador. Entre defesas firmes e críticas a colegas, o pastor mantém postura combativa e não descarta desdobramentos jurídicos que, para ele, simbolizariam perseguição.

Participe

O que você acha das declarações de Malafaia e do papel de líderes religiosos na política? Deixe seu comentário, compartilhe este texto e acompanhe nosso blog para mais análises e atualizações.