Putin e Xi fecham gasoduto Rússia-China
02/09/2025, 21:31:15Relação em novo patamar após encontro em Pequim
Um encontro entre os presidentes Xi Jinping e Vladimir Putin em Pequim acelerou uma aproximação político-energética que vem se intensificando desde 2022. O presidente russo chamou Xi de \"velho amigo\" e ressaltou que a diplomacia entre os países está em um nível \"sem precedentes\". O principal resultado prático da visita foi o aval chinês ao projeto do gasoduto Força da Sibéria 2, uma aposta estratégica para redirecionar o gás russo a novos mercados e reduzir dependências energéticas da Ásia por fontes mais caras, como o GNL dos EUA.
China confirma acordo por gás russo
O acordo vinha sendo buscado há anos pelo Kremlin. A viabilização do gasoduto pode acrescentar até 50 bilhões de metros cúbicos por ano ao fornecimento para a China, com passagem pela Mongólia a partir dos campos de Yamal. A estatal russa Gazprom confirmou que foi firmado um \"memorando juridicamente vinculativo\" após conversas entre Xi, Putin e representantes da Mongólia, embora os preços e detalhes contratuais ainda precisem ser definidos.
O que está em jogo
Para a Rússia, o gasoduto representa acesso confiável a um mercado de grande demanda e uma alternativa às exportações para a Europa, que busca reduzir a compra de combustíveis fósseis russos até 2027. Para a China, maior consumidora de energia do mundo, a infraestrutura amplia opções de abastecimento e diminui a dependência do GNL norte-americano. Em termos práticos, a Gazprom poderá fornecer gás à China por pelo menos 30 anos, se os contratos forem finalizados conforme o previsto.
Aspectos políticos e econômicos
Além do impacto energético, o acordo simboliza uma intensificação da parceria entre Moscou e Pequim. Desde o início da guerra na Ucrânia, a China consolidou-se como o principal parceiro econômico da Rússia, fruto de um alinhamento descrito em 2022 como \"sem limites\". Analistas observam que, com a etapa política superada, agora as negociações avançarão para as tarefas comerciais e operacionais, como definição de preços, volumes e contratos de longa duração.
- Mercado: amplia acesso russo a demanda asiática.
- Energia: oferece à China alternativa ao GNL.
- GeoPolítica: reforça laços frente a pressões ocidentais.
Pequim consolida proximidade com Moscou
Durante a reunião, Xi afirmou que as relações entre os países \"resistiram ao teste das mudanças internacionais\" e destacou a disposição de \"promover a construção de um sistema de governança global mais justo e razoável\". Ao mesmo tempo, a visita ocorre num momento de maior protecionismo e reconfiguração das cadeias comerciais em nível global, o que torna parcerias estáveis mais valiosas para ambos.
Assinaturas e cooperação além do gás
Além do memorando para o gasoduto, ao menos 20 acordos de cooperação foram assinados, envolvendo setores econômicos diversos, segundo a emissora estatal CCTV. Isso sinaliza que o encontro teve caráter abrangente, buscando selar uma cooperação multifacetada entre empresas estatais, governos e instituições científicas e tecnológicas.
Vozes e reações
Kirill Babaev, diretor do Instituto da China e da Ásia Contemporânea em Moscou, resumiu a importância do momento: \"O grande acordo está finalmente em andamento\". Essa avaliação reflete otimismo quanto ao avanço de projetos que estavam em negociação há anos, embora observadores ressaltem que detalhes técnicos e econômicos ainda demandarão meses de trabalho.
Contexto regional e militar
A visita de Putin também se integra a uma demonstração de força planejada por Pequim: a maior parada militar do país, que marca 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial na Ásia. O evento, que contará com líderes selecionados, servirá para exibir capacidades militares, incluindo equipamentos estratégicos e drones, e reforçar mensagens políticas em um palco internacional.
A presença de outros líderes e implicações
Além de Putin, deverão participar líderes como Kim Jong-un e representantes do Irã, cenário que alguns analistas ocidentais chamam de possível \"eixo\" por seu caráter crítico ao Ocidente. A Coreia do Norte, historicamente aliada de Pequim, já tem intensificado laços com Moscou, e a convergência desses atores pode alterar o cálculo geopolítico na região Ásia-Pacífico.
Conclusão
O acordo de gasoduto entre Rússia e China marca um passo importante na realocação de fluxos energéticos globais e na consolidação de uma parceria estratégica de longo prazo. Embora os termos comerciais finais ainda precisem ser definidos, a decisão política abre caminho para investimentos, intercâmbio tecnológico e projetos conjuntos que vão além do setor energético. A evolução desse arranjo vai influenciar negociações energéticas internacionais, estratégias de segurança regional e as relações com o Ocidente.
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