Investigação indica reviravolta no caso Buford Pusser
31/08/2025, 13:31:06Uma nova investigação do Tennessee Bureau of Investigation trouxe à tona uma possível reviravolta em um dos casos mais conhecidos do interior dos Estados Unidos: a morte de Pauline Mullins Pusser, ocorrida em 1967, e o relato do famoso xerife Buford Pusser. Conhecido por sua postura linha-dura contra o crime e por inspirar filmes e livros, Pusser teve sua versão dos fatos agora questionada por investigadores e promotores.
Na década de 1960, o trabalho de Buford Pusser como xerife em Adamsville, no condado de McNairy, chamou a atenção nacional. Seu combate ao crime organizado e à corrupção virou história e serviu de base para o longa-metragem "Walking Tall’" (1973) e para remakes posteriores. Mas, quase 60 anos após os fatos, novos exames periciais e um relatório oficial do Tennessee Bureau sugerem que a narrativa aceita por décadas pode não corresponder à realidade.
Reviravolta
O ponto central da investigação atual é a avaliação de que Pauline pode ter sido morta fora do veículo e, depois, colocada no carro, em contraste com o relato original de que o casal teria sido atacado enquanto trafegava. A nova autópsia e a análise do local apontaram elementos que não se encaixam na versão apresentada por Pusser à polícia em 12 de agosto de 1967.
Entre as evidências que chamaram a atenção dos investigadores estão respingos de sangue no exterior do veículo, o que contraria a versão de que os tiros ocorreram dentro do automóvel. Além disso, o trauma craniano identificado em Pauline não parece corresponder às fotos e às descrições do crime. Outro aspecto levantado pelo relatório foi o ferimento de bala sofrido por Buford, descrito como um tiro de contato próximo, o que levou os peritos a considerarem a possibilidade de que ele tenha atirado em si mesmo e que a cena tenha sido encenada posteriormente.
Declarações oficiais
O promotor público Mark Davidson, durante entrevista, afirmou que o relatório encontrou "inconsistências nas declarações de Buford Pusser às autoridades policiais e a outros". Davidson destacou que o objetivo da ação não é destruir legados, mas buscar a verdade: "Este caso não tem como objetivo acabar com uma lenda, mas sim dar dignidade e encerrar o assunto para Pauline e sua família, além de garantir que a verdade não seja enterrada com o tempo".
Sobre o trabalho investigativo, Davidson acrescentou: "Diz-se que os mortos não podem clamar por justiça; é dever dos vivos fazê-lo. Neste caso, esse dever está sendo cumprido 58 anos depois". Em outra ocasião, enfatizou: "a justiça para Pauline demorou a chegar e, graças ao trabalho duro de muitos, finalmente podemos anunciar à família sobrevivente de Pauline e ao público que acreditamos estar o mais perto possível da justiça".
Reexame de provas e autópsia
O novo exame forense buscou confrontar elementos físicos e documentos da época com técnicas modernas de investigação. A análise da autópsia indicou que o trauma sofrido por Pauline não se alinha com o cenário de tiros dentro do carro, e a possível fratura nasal curada sugere que ela pode ter sofrido violência interpessoal antes de morrer. Esse tipo de detalhe clínico passou despercebido ou foi interpretado de forma diferente no relatório inicial.
Além das evidências físicas, a investigação se debruçou sobre relatos de testemunhas, fotografias antigas e documentos policiais originais. A soma desses elementos motivou os investigadores a considerar hipóteses alternativas ao que foi reportado em 1967.
Reações da família
O irmão de Pauline, Griffon Mullins, reagiu à investigação sem surpresa: "para ser sincero, não estou terrivelmente chocado". Emocionado, ele afirmou: "Eu a amava de todo o coração e senti muita falta dela nos últimos 57 anos". Griffon também comentou sobre o relacionamento de Pauline: "ela não era o tipo de pessoa que contava seus problemas, mas eu sabia, no fundo, que havia problemas no casamento dela".
As declarações da família reforçam a sensação de que alguns aspectos do caso sempre foram objeto de dúvida entre parentes e pessoas próximas, e que as novas apurações talvez tragam respostas aguardadas há décadas.
Impacto e contexto
O caso de Buford Pusser sempre teve forte apelo cultural: além dos filmes, sua figura simbolizava o agente público que enfrenta o crime em comunidades pequenas. Por isso, a possibilidade de que partes da narrativa tenham sido distorcidas ou encenadas tem impacto além do aspecto jurídico, alcançando memórias coletivas e representações midiáticas.
Do ponto de vista investigativo, a reabertura e a revisão de processos antigos mostram como avanços forenses e nova leitura de evidências podem alterar percepções. Casos antigos, reinterpretados à luz de tecnologia e protocolos modernos, têm trazido esclarecimentos e, por vezes, transformado histórias consideradas consolidadas.
O que vem a seguir: Com Buford Pusser já falecido (ele morreu em 1974), não é possível interrogá-lo novamente. Ainda assim, as autoridades esperam que as conclusões do relatório e a divulgação dos achados possam oferecer algum tipo de resolução à família de Pauline e à comunidade, além de abrir caminho para eventuais ações legais ou administrativas, conforme as provas permita.
Enquanto a investigação segue, o caso serve como lembrança da importância de revisitar provas e de garantir que a busca pela verdade prevaleça mesmo após décadas. Para leitores interessados em justiça, memória e jornalismo investigativo, essa reviravolta reforça a necessidade de questionar narrativas consolidadas e de apoiar processos que busquem esclarecer crimes do passado.
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