Empresário e esposa são indiciados pela morte de gari
29/08/2025, 22:36:27Indiciamento pelo crime
Delegados da Polícia Civil de Minas Gerais, em entrevista coletiva, detalharam as investigações e a conclusão do inquérito.
O empresário Renê da Silva Nogueira Júnior e sua esposa e delegada Ana Paula Lamego Balbino foram indiciados por envolvimento no assassinato do gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44 anos. Laudemir foi morto enquanto trabalhava na coleta de lixo, em 11 de agosto, no bairro Vista Alegre, região Oeste de Belo Horizonte.
A conclusão do inquérito foi detalhada pelos delegados da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), Adriano Soares, Saulo Castro, Álvaro Huertas, Evandro Radaelli e Matheus Moraes, em entrevista coletiva de imprensa, na tarde desta sexta-feira (29).
Os crimes
De acordo com o delegado Evandro Radaelli, Renê Júnior será indiciado pelo crime de homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil, bem como pelo uso de meios que impossibilitaram a defesa da vítima. Também vai responder por ameaça à motorista do caminhão de lixo e por porte ilegal de arma.
O indiciamento, segundo o delegado, se baseia em provas testemunhais, no próprio interrogatório do investigado, nas perícias realizadas, inclusive no celular do suspeito, e na análise das imagens colhidas no local dos fatos, na empresa em que o investigado trabalhava e na residência em que o casal residia.
"Com base na extração de dados do aparelho celular do investigado, nós podemos constatar que ele realizou, após a prática do crime, já no início da tarde, após ele sair da empresa, quando retornava para sua casa, diversas pesquisas no seu celular, referentes às consequências do que ele havia praticado", destacou Radaelli.
Ainda de acordo com o delegado, ficou claro também, com base no comportamento do investigado, que ele tinha fascínio pelo poder que o armamento concedia. "Ele se embriagava com aquele poder das armas e fazia o uso das armas com frequência", afirmou. A pena do empresário poderá chegar a 35 anos de prisão. Renê Júnior está preso desde o dia 11 de agosto, no presídio de Caeté, em BH.
A esposa e seu papel
A delegada Ana Paula Lamego Balbino, esposa do empresário, também foi indiciada e deverá ser responsabilizada por ter emprestado para o marido a pistola calibre 380 usada no assassinato do gari Laudemir. Ela passou a ser investigada, segundo os policiais, a partir da extração de informações do seu aparelho celular.
Conversas mostraram que ela tinha ciência de que ele fazia o uso dessa arma de fogo com constância e que, inclusive, estava com a pistola no dia do crime. "Em razão disso, também a indiciamos pelo porte legal da arma de fogo, de uso permitido, em razão de estar previsto na lei os verbos ceder e emprestar. Ela vai ser responsabilizada com base nessa conduta que foi apurada", apontou.
Além da pena prevista para o crime, que é de 2 a 4 anos de detenção, à delegada, por ser servidora pública, poderá ser aplicada o aumento de 50% da sentença. Essa decisão, porém, cabe apenas ao Poder Judiciário no momento do julgamento do caso. No momento, ela se encontra afastada do seu cargo, com atestado médico.
O crime em detalhes
O gari Laudemir de Souza Fernandes estava trabalhando na manhã do dia 11 de agosto, quando, por volta das 9h, após uma confusão no trânsito, no bairro Vista Alegre, acabou sendo atingido por um tiro. O caminhão de coleta de lixo estava parado, quando um carro BYD cinza, vindo na direção contrária, se aproximou.
O motorista do carro, apontado como o suspeito, teria sacado uma arma e ameaçado a motorista do caminhão, exigindo que ela tirasse o veículo do caminho. Ela teria feito uma manobra e liberado a via. Mesmo assim, o suspeito desceu do veículo e atirou, atingindo o gari na região do tórax, próximo às costelas. Testemunhas que estavam no local do crime afirmaram que o suspeito “saiu tranquilo e com semblante de bravo” após atirar na vítima.
Laudemir chegou a ser socorrido ao Hospital Santa Rita, em Contagem, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu. Após o disparo, o suspeito fugiu, mas foi localizado pela polícia e detido, à tarde, em uma academia de alto padrão no bairro Estoril. Câmeras de segurança registraram os passos do empresário momentos após a morte do gari Laudemir. Ele manteve a rotina normal. Imagens captaram o suspeito na sua empresa, chegando em casa e, mais tarde, passeando com os cães, antes de seguir para a academia, onde foi preso.