Eduardo Bolsonaro solicita mandato nos EUA em meio a crises
29/08/2025, 18:35:28Pedido de Eduardo Bolsonaro
Eduardo Bolsonaro pediu para exercer o mandato direto dos Estados Unidos, alegando estar em missão de "diplomacia parlamentar". O pedido ocorre em meio a investigações da Polícia Federal, ameaça de cassação no Conselho de Ética e atritos com o presidente da Câmara, Hugo Motta.
Justificativa para o pedido
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) solicitou ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para desempenhar o mandato nos Estados Unidos. No ofício enviado a Motta, o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) argumentou que tem realizado "diplomacia parlamentar" no país. Ele também mencionou a pandemia de covid-19 como um "precedente claro" para o exercício remoto do mandato.
"Não se pode admitir que o que foi assegurado em tempos de crise sanitária deixe de sê-lo em um momento de crise institucional ainda mais profunda", afirmou Eduardo no ofício, compartilhado em seu perfil no X (antigo Twitter).
Permanência nos EUA
Eduardo Bolsonaro está nos Estados Unidos desde o início de 2025. Em março, pediu licença do mandato na Câmara e anunciou que permaneceria no país, onde buscaria "sanções aos violadores dos direitos humanos", referindo-se ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, e outras autoridades alinhadas a ele.
Indiciamento e participação à distância
Recentemente, Eduardo e Jair Bolsonaro foram indiciados pela Polícia Federal por crimes relacionados à tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito e coação durante o processo. A investigação indicou que Eduardo teria incentivado sanções contra o Brasil para afetar o processo em que seu pai é réu por tentativa de golpe de Estado.
Na quarta-feira, 27, Eduardo participou à distância de uma subcomissão da Câmara, embora essa participação não tenha sido formalmente convidada. No entanto, em 7 de agosto, Motta havia rejeitado a proposta de um "mandato à distância", afirmando: "Não há previsibilidade para exercício do mandato à distância" e que "não há previsão no regimento para isso".
Reação de Hugo Motta
Quatro dias após a proposta de Eduardo, em entrevista à revista Veja, Motta disse que não concorda com ações que visam impor sanções ao próprio país. "Cada parlamentar tem a sua autonomia e a sua liberdade para agir com aquilo que entende ser importante para representar o seu eleitorado. Eu não posso concordar com a atitude de um parlamentar que está fora do País, trabalhando muitas vezes para que medidas cheguem ao seu País de origem e que tragam danos à economia do País", ressaltou o presidente da Câmara.
Ameaça de cassação
Um processo de cassação contra Eduardo Bolsonaro foi encaminhado ao Conselho de Ética por Motta no dia 15. Apesar disso, o presidente da Câmara minimizou as ameaças feitas por Eduardo, que já havia mencionado anteriormente que Motta poderia ser alvo de sanções caso não pautasse um projeto de lei de anistia aos réus dos atos de 8 de Janeiro.