Brasil busca equilíbrio entre Estados Unidos e China
29/08/2025, 10:37:43O contexto atual das relações internacionais
Nesse ambiente de disputa permanente, o Brasil tem a opção de escolher um lado ou de buscar um equilíbrio entre as duas potências. As recentes sanções tarifárias ao Brasil tornam ainda mais difícil essa escolha diplomática, aumentando a pressão sobre Brasília. No momento, uma política pendular se torna desafiadora pelas circunstâncias impostas pelo governo Trump.
A rivalidade entre as potências
A rivalidade entre Washington e Pequim pode reproduzir o padrão histórico da armadilha de Tucidides – o medo da rápida ascensão de Atenas levou Esparta à guerra. Atualmente, nenhuma das duas grandes potências se sente confortável com a nova bipolarização.
Busca por negociação
O Brasil tem buscado a negociação como um caminho para evitar perdas maiores e deve insistir nessa estratégia. Se o Brasil assumir o papel de potência regional reconhecida pelos vizinhos, e ao mesmo tempo, buscar reconstruir os mecanismos regionais de cooperação política, as pressões das superpotências contra Brasília tendem a ter menos efeito. O Brasil precisa agir como um ator capaz de estabilizar e preservar a região de influências extraregionais.
Liderança regional na América do Sul
Precisamos assegurar uma posição de liderança regional na América do Sul. Entretanto, uma política pendular exige grande habilidade diplomática no atual momento negativo das relações com os Estados Unidos. Como membro dos Brics, o Brasil enfrenta problemas com Washington, que deseja dominar as Américas sem permitir manifestações de independência política e econômica.
Soberania e sobrevivência
É uma questão de soberania e sobrevivência saber navegar nesses mares bravios dos dias de hoje. A aliança entre a China e a Rússia torna ainda mais difícil essa equação. O espaço aberto pela atual transição de polaridades nos apresenta o dilema de como nos posicionar perante as alianças dominantes do sistema internacional. Nossa preferência pelo multilateralismo nos coloca hoje em confronto com a hegemonia norte-americana, que se manifesta contra o multilateralismo.
Preparação para tensões futuras
Washington deseja o enfraquecimento dos organismos internacionais, ao contrário do Brasil. Não devemos renegar nossa tradição diplomática para agradar ao atual governo norte-americano. Existem muitas razões para acreditar que o relacionamento entre Estados Unidos e China tende a piorar, mas sem que um conflito aberto interesse a nenhum dos dois países.
Responsabilidades e interesses no Brics
Como essa tensão vai continuar, precisamos nos preparar para esse cenário. No momento, como membro fundador e ativo dos Brics, temos responsabilidades e interesses crescentes em nossas relações com esse grupo. Assim, a dificuldade em cristalizar uma política externa pendular com o governo Trump, que quer nos obrigar a escolher um lado de maneira agressiva, se acentua. Pela via multilateral, poderíamos eventualmente conquistar uma posição de equilíbrio entre as duas potências e servir de mediador entre os fortes e os fracos.
Envolvimento simultâneo
Poderíamos tentar um envolvimento simultâneo a longo prazo tanto com Washington quanto com Pequim para evitar uma estratégia que traga perdas importantes para o Brasil. A área tecnológica será uma das fronteiras mais decisivas nessa disputa, e precisamos estar preparados para escolhas complicadas nesse setor primordial.
Parceria comercial com a China
Como a China se tornou o maior parceiro comercial do Brasil, há pouco que Washington possa fazer nesse setor, apesar das novas tarifas impostas a Brasília. A conclusão do acordo de livre comércio do Mercosul com a União Europeia tem uma importância maior nesse contexto. Considerando que os Estados Unidos atualmente utilizam ameaças comerciais por razões ideológicas, fica difícil um acordo bilateral de comércio entre Washington e o Mercosul. Trump prefere o enfrentamento à cooperação internacional. Portanto, devemos buscar outras alternativas para não ficarmos tão dependentes de Pequim.