Lula utiliza tema de soberania no 7 de Setembro

Lula utiliza tema de soberania no 7 de Setembro

Motivo do Mote de Soberania


BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O governo Lula (PT) deverá adotar o mote de "Brasil soberano" nos eventos comemorativos do Dia da Independência, em 7 de setembro, em meio ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no STF (Supremo Tribunal Federal) e à ofensiva do governo Donald Trump contra o país com a imposição da sobretaxa de 50% a produtos brasileiros e sanções a autoridades.

Dois auxiliares diretos do presidente da República mencionam que a defesa da soberania, que já vem sendo adotada em discursos do petista e foi citada na cerimônia no 7/9 do ano passado, ganha nova relevância pelo contexto político atual. Eles ressaltam que é um momento para o governo reafirmar a bandeira do patriotismo e de defesa à nação, que nos últimos anos estiveram atrelados ao bolsonarismo.

Preparativos para o Desfile


O desfile cívico-militar deste ano é coordenado pelo governo Lula com auxílio do Comando Militar do Planalto, o principal braço do Exército em Brasília. A Casa Civil está na fase final da licitação para a montagem da estrutura do desfile. A empresa Palestino Estrutura e Eventos Ltda foi a vencedora, com uma proposta de R$ 4,3 milhões para levantar tribunas e arquibancadas.

A proposta prevê a instalação de cinco tribunais para autoridades e familiares, além de 15 arquibancadas para o público geral, com capacidade para 30 mil pessoas. O contrato que será assinado ainda inclui tendas de apoio, área reservada para imprensa e grades de segurança. O Exército deve mobilizar cerca de 2.000 militares das Forças Armadas, além de veículos blindados e aviões.

Contexto Político e Reações


O evento ocorre dias após a Primeira Turma do STF iniciar o julgamento de Jair Bolsonaro, militares e aliados pela tentativa de golpe de Estado em 2022. O Supremo começará o julgamento no dia 2 de setembro, com a sentença sendo conhecida apenas na semana seguinte.

Dois oficiais-generais expressaram à Folha a preocupação com a coincidência das datas. Um deles enfatizou que Bolsonaro fazia uso político do desfile militar e atacou o Supremo em cerimônias do Dia da Independência. Existe uma apreensão entre os militares de que atos bolsonaristas contra o Supremo, também programados para 7 de setembro, ofusquem o desfile. Entretanto, eles asseguram que não há preocupações com a segurança do evento oficial.

Um ministro comentou que o governo não deve se intimidar diante da proximidade do julgamento de Bolsonaro e ressalta que a data serve também para reforçar o patriotismo nacional. Também criticou a atuação da família do ex-presidente nos Estados Unidos, a qual considera antipatriótica.

Pronunciamento de Lula


Ainda não há definição se o presidente Lula fará um pronunciamento em cadeia nacional durante a data, mas essa possibilidade não está descartada. Em 2024, o petista havia utilizado o pronunciamento do 7 de Setembro para criticar o bilionário Elon Musk, que naquele momento estava em conflito com o ministro Alexandre de Moraes, do STF. Ele afirmou: "Nenhum país é de fato independente quando tolera ameaças à sua soberania. Seremos sempre intolerantes com qualquer pessoa, tenha a fortuna que tiver, que desafie a legislação brasileira. Nossa soberania não está à venda".

Em julho deste ano, Lula fez um pronunciamento em rede nacional sobre a sobretaxa anunciada por Trump, utilizando termos como "pátria soberana", "defesa da soberania" e afirmou que o Brasil "tem um único dono, o povo brasileiro".

Movimentos Populares e Mobilização


Além da cerimônia institucional, movimentos populares, centrais sindicais e partidos como o PT usarão a data para anunciar manifestações por todo o país. Embora não tenha previsão de participação de Lula nesses atos, ele deve acompanhar apenas o desfile na Esplanada dos Ministérios.

Centrais e frentes Brasil Popular e Povo sem Medo estão organizando atos, classificado como Dia da Mobilização Nacional. Até quinta-feira (21), estavam programados atos em ao menos 18 capitais. O maior deve ocorrer em São Paulo, na Praça da República, e as redes sociais estão sendo utilizadas para divulgar frases como "Brasil soberano" e "quem manda no Brasil é o povo brasileiro".

Raimundo Bonfim, coordenador-geral da Central de Movimentos Populares (CMP), afirmou que a data servirá para defender a soberania nacional e "denunciar os traidores da pátria".

"Serão dois campos políticos nas ruas: a direita defendendo o tarifaço e a ingerência dos EUA no Brasil de um lado, e do outro nós, da esquerda, democratas e progressistas, defendendo a soberania, a democracia e os direitos", acrescentou. A meta é organizar atos em todas as capitais e mobilizar para que ocorram manifestações em cidades médias, destacando temas prioritários, como a isenção do IR (Imposto de Renda) para quem ganha até R$ 5.000, a taxação dos super-ricos, o fim da escala 6x1 e o contraponto à anistia aos condenados pelos ataques golpistas do 8 de janeiro.

Com o lema "povo independente é povo soberano", o PT busca garantir atos em grande parte das capitais, utilizando as redes sociais e mobilizando manifestantes nas ruas.