O quanto custa uma vida se perdida em acidente de trânsito?
21/08/2025, 08:37:08Decisões judiciais devem ser cumpridas. Mas quando cabe interpelação é de obrigação de uma das partes buscar entendimento sob a forma de consenso.
Quando falamos em acidentes de trânsito, as estatísticas surgem frias: números de mortes, de feridos, de indenizações e de prejuízos econômicos. Porém, por trás de cada dado, existe uma vida interrompida, uma família desfeita, um futuro que jamais se concretizará. Surge, então, a pergunta inevitável: quanto custa uma vida perdida em acidente de trânsito?
A resposta não é simples. Do ponto de vista econômico, os órgãos oficiais e instituições de pesquisa estimam valores. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) calcula que cada morte no trânsito no Brasil gera um impacto médio superior a R$ 600 mil, considerando gastos hospitalares, previdenciários, judiciais, perdas de produtividade e danos materiais. Para o Estado, cada vida perdida representa um peso no orçamento público e uma queda na capacidade de geração de riquezas.
No entanto, o aspecto econômico é apenas a superfície. O verdadeiro custo é humano e imensurável. O pai que não volta para casa, o filho que não terá a chance de crescer, a mãe que deixa de ser presença e se torna saudade eterna. Não há seguro, indenização ou cálculo matemático que consiga medir o vazio de uma cadeira vazia no jantar, o silêncio em um quarto que não será mais ocupado, ou a dor que se repete a cada lembrança.
Mais grave ainda é que, em grande parte dos casos, essas mortes são evitáveis. O excesso de velocidade, o consumo de álcool, a imprudência, a negligência com equipamentos de segurança e a precariedade da fiscalização são fatores que poderiam ser minimizados. Cada acidente de trânsito fatal é, quase sempre, o resultado de uma escolha equivocada — individual ou coletiva. No caso da ponte da Ponta Mofina, a sinalização – apesar de considerada pequena – ela foi retirada do local, o que implica no julgar do fato se levar em conta que não houve omissão por partes dos órgãos públicos.
Por isso, falar em “custo” de uma vida é também discutir responsabilidade. O trânsito não é apenas um espaço de circulação, mas um pacto social: todos dependem do respeito às regras e do cuidado mútuo. Quando uma vida se perde, todos perdem — a família, a comunidade, o Estado e a sociedade como um todo.
Em última instância, uma vida perdida no trânsito custa tudo: sonhos, afeto, tempo, futuro. E exatamente por isso deveria ser inegociável o compromisso de reduzir, ao máximo, a violência nas ruas e estradas. Não se trata apenas de prevenir gastos, mas de preservar o que é insubstituível: a vida humana.