Bolsonaro e advogado de Trump discutem tarifaço nas redes sociais
22/08/2025, 02:33:01Entenda o caso do ex-presidente Bolsonaro
A informação consta no relatório no qual a Polícia Federal destaca conversa de Jair Bolsonaro com o filho Eduardo e o pastor Silas Malafaia.
O ex-presidente Jair Bolsonaro pediu orientações ao advogado norte-americano Martin Luca, ligado ao presidente Donald Trump, para se pronunciar sobre o tarifaço aplicado contra as exportações brasileiras. Luca representa as redes sociais Rumble e Trump Media nos Estados Unidos.
Durante as investigações, o celular do ex-presidente foi apreendido pelos agentes. Em uma conversa captada pela investigação, Bolsonaro solicitou ajuda para produzir uma nota e divulgá-la nas redes sociais.
"Martin, peço que você me oriente também, me desculpa aqui tá, minha modéstia, como proceder. Eu fiz uma nota, acho que eu te mandei. Tá certo? Com quatro pequenos parágrafos, boa, elogiando o Trump, falando que a questão de liberdade tá muito acima da questão econômica. A perseguição a meu nome também, coisa que me sinto muito pô, fiquei muito feliz com o Trump, muita gratidão a ele. Me orienta uma nota pequena da tua parte, que eu possa fazer aqui, botar nas minhas mídias, pra chegar a vocês de volta aí. Obrigado aí. Valeu, Martin", disse Bolsonaro, em mensagem de áudio.
Após isso, Martin sugeriu que Bolsonaro deveria "melhorar a comunicação em relação ao tarifaço". Analisando a conversa, a PF concluiu que Bolsonaro atua de "forma subordinada a interesses de agentes estrangeiros".
O relatório afirma: "O áudio atribuído a Jair Bolsonaro demonstra que o ex-presidente atua de forma subordinada a interesses de agentes estrangeiros, em alinhamento previamente condicionado ao atendimento de pretensões dissociadas ao interesse nacional, direcionadas a vulnerar a independência dos poderes constituídos, especialmente o poder Judiciário, por meio de atos de coação ao seu órgão de cúpula, e a soberania nacional".
Cabeçalho de defesa e reações
Mais cedo, a defesa de Bolsonaro declarou ter ficado surpresa com o indiciamento e garantiu que prestará os esclarecimentos solicitados pelo ministro Alexandre de Moraes. Pelas redes sociais, Martin Luca criticou Moraes, afirmando que sua atuação é voltada para a orientação jurídica e de comunicação.
"Por essa lógica, [da PF] qualquer político que consulte um advogado está conspirando para derrubar a democracia", declarou.
A deputada Gleisi Hoffmann também comentou o caso, afirmando que as mensagens trocadas entre Bolsonaro, Eduardo e Malafaia provam uma conspiração golpista. "São conversas indecentes entre pessoas que comemoram as sanções contra nossa economia, tramam contra a Justiça e não se incomodam com as consequências para o país e a população", afirmou Gleisi.