Com data marcada, julgamento de Bolsonaro entra na reta final

O relógio da Justiça já está ajustado. A data para o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro está marcada, e com isso, o processo entra em sua reta final — um momento decisivo não apenas para ele, mas para a memória política recente do Brasil. O caso, que envolve acusações graves e reflexos diretos no cenário eleitoral, coloca frente a frente a força das instituições e a pressão de uma base política ainda ruidosa.

Para seus apoiadores, trata-se de mais um episódio de “perseguição política”, um roteiro repetido em discursos inflamados, carreatas e manifestações. Para seus críticos, o julgamento é a prova de que ninguém está acima da lei e de que a Justiça deve seguir o curso natural, independentemente do peso do nome ou do cargo que ocupou.

O clima, no entanto, é de tensão. Qualquer decisão — seja pela absolvição ou pela condenação — terá impacto imediato no tabuleiro eleitoral, seja mantendo Bolsonaro como ator central nas próximas disputas, seja abrindo espaço para novas lideranças no campo conservador. A imprensa, as redes sociais e os bastidores políticos já se mobilizam, na expectativa de cada voto e cada palavra dos ministros.

A reta final do julgamento também expõe uma realidade incômoda: o Brasil ainda vive polarizado, com parte da população desconfiando da Justiça e outra parte depositando nela suas últimas esperanças de equilíbrio institucional. Seja qual for o resultado, ele não encerrará a disputa política — apenas abrirá um novo capítulo, tão ou mais intenso que os anteriores.

No fim, o julgamento de Bolsonaro não é apenas sobre um homem, mas sobre o quanto o país está disposto a sustentar as regras democráticas, mesmo quando elas atingem figuras que dividem paixões. E, como toda decisão histórica, ela será lembrada tanto pelo que decidir quanto pelo que simbolizar.