Emoção e protestos no sepultamento de gari em BH

Emoção e protestos no sepultamento de gari em BH

Emoção e protestos marcam o sepultamento do gari


Familiares e colegas de trabalho, uniformizados, prestaram homenagens a Laudemir de Souza Fernandes, um gari de 44 anos, que foi morto enquanto trabalhava. O sepultamento de Laudemir ocorreu na manhã de terça-feira (12), em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e contou com intensa manifestação de dor e revolta.

Na manhã anterior, Laudemir foi assassinado no bairro Vista Alegre, após uma discussão no trânsito. O principal suspeito do crime, um empresário de 47 anos, foi preso poucas horas depois do ocorrido. Testemunhas relataram que ele se irritou com a motorista do caminhão de lixo e a ameaçou. Ao conseguir manobrar, a motorista deu passagem ao caminhão, mas o empresário, enfurecido, desceu do veículo e atirou contra Laudemir antes de fugir.

No velório e sepultamento, a tristeza e a indignação eram palpáveis entre os presentes. Tiago Rodrigues, colega de trabalho que estava ao lado de Laudemir no momento do crime, também compareceu e relatou sua versão dos fatos. "Você vai dar um tiro na mulher trabalhando? Vai matar ela dentro do caminhão?", questionou ele ao autor do disparo, que acabou levando a vida de Laudemir.

A companheira de Laudemir, Liliane França, com quem ele convivia há cinco anos, expressou sua dor à imprensa e relatou como ele era querido. "Era uma pessoa que respeitava, que cuidava da gente com muito carinho. Todos os dias de manhã ele falava que iria voltar. Dessa vez, ele não voltou para casa. Me devolveram o Lau num caixão", lamentou emocionada.

Liliane ressaltou a falta de respeito com os trabalhadores de limpeza urbana, uma realidade enfrentada por Laudemir. "Ele falava das dificuldades do serviço dele e da falta de respeito das pessoas com eles. Eu quero justiça pela morte do meu companheiro, mas também quero respeito para esses profissionais que trabalham limpando as ruas da cidade", concluiu a viúva. Laudemir deixa uma filha de 15 anos e uma enteada.

Investigações em andamento


Na tarde do dia 12, a Polícia Civil de Minas Gerais, por meio do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa, realizou uma coletiva de imprensa para informar sobre o andamento das investigações. O empresário suspeito do crime negou participação e alegou que, no dia do ocorrido, havia ido até sua empresa em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte. No entanto, testemunhas afirmaram ter reconhecido o homem e forneceram a placa de seu veículo às autoridades.

A Corregedoria-Geral da Polícia Civil também instaurou um procedimento disciplinar para apurar a conduta da esposa do empresário, que exerce a função de delegada. Durante a diligência na residência do casal, foram apreendidas duas armas, e a delegada foi convocada para prestar esclarecimentos. Ela alegou que seu marido não tinha acesso às armas e desconhecia qualquer envolvimento dele no crime.

A investigação analisa ainda a possibilidade de negligência da delegada em relação à segurança de sua arma. A Polícia Civil fez um pedido para converter a prisão em flagrante do empresário em prisão temporária, diante das acusações de ameaça e homicídio qualificado, em função de um motivo fútil e pela utilização de recursos que dificultaram ou impossibilitaram a defesa da vítima.