Deputados discutem derrubada de vetos ao Licenciamento Ambiental

Deputados discutem derrubada de vetos ao Licenciamento Ambiental

Deputados articulam derrubada de vetos ao Licenciamento Ambiental


Deputados ligados ao setor agropecuário estão articulando sobre a derrubada dos vetos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao projeto de lei do Licenciamento Ambiental. Após o governo sancionar, na última sexta-feira (8), a nova lei que prevê regras gerais para o licenciamento e vetar 63 pontos do texto original, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) realizou, nesta quarta-feira (13), uma reunião para discutir estratégias contra as medidas do Planalto. Além de debater os vetos e articular formas de derrubar os pontos, parlamentares integrantes da FPA trataram sobre a Medida Provisória (MP) 1308/25 e do Projeto de Lei (PL) 3834/25, ambos enviados por Lula ao Congresso, com urgência constitucional, para suprir lacunas deixadas pelos dispositivos vetados. Diante disso, a FPA anunciou que apresentará até sexta-feira (15) um relatório consolidado com as posições de diversas entidades do setor agropecuário e parlamentares, detalhando os vetos considerados indispensáveis de serem derrubados na Lei Geral do Licenciamento Ambiental. O objetivo principal, segundo os congressistas, é desburocratizar o processo sem comprometer a segurança ambiental. O deputado Zé Vitor (PL), relator do licenciamento na Câmara dos Deputados, destacou que se reuniu com ministros do governo Lula para tratar sobre os vetos e avaliou que a lei, da forma como ficou após a retirada dos 63 dispositivos, está insustentável. “Na essência, o governo precisa do projeto e depende da nossa coragem, e isso é irônico. Não podemos ter retrocesso. A lei não se sustenta como ficou. O texto sancionado não conversa com o que foi apresentado. Precisamos ter responsabilidade e maturidade para trabalhar pela derrubada dos vetos”, afirmou. O deputado afirmou que a FPA está aberta a negociar melhorias no texto da lei do licenciamento, especialmente aquelas que visam evitar ambiguidades. O relator mencionou a possibilidade de acordos por meio de emendas em uma MP ou no próprio PL já enviado pelo governo ao Congresso, com 12 emendas já preparadas para a MP. “Talvez possamos negociar melhorias no texto por meio de um projeto de lei”, acrescentou.

Vetos "inegociáveis"


Entre os pontos mais relevantes vetados, o deputado Zé Vitor ressaltou a necessidade de garantir a autonomia de estados e municípios. “Querem concentrar o poder em Brasília, e não é saudável nem tecnicamente justificável que todo o comando esteja no Ibama e no Conama. Precisamos preservar a competência local.” Outro destaque foi a obrigatoriedade de análise do Cadastro Ambiental Rural (CAR) para a emissão de licenças simplificadas ou dispensas. “Se o produtor já cumpriu todas as obrigações, cabe aos órgãos ambientais validarem o CAR e viabilizarem o processo”, defendeu. O deputado Arnaldo Jardim (Cidadania) reforçou que a FPA é protagonista no tema, mas ressaltou que a lei impacta outros setores, que precisam ser engajados no debate. O senador Jaime Bagattoli (PL) classificou como retrocesso a retirada da autonomia estadual. Já o deputado Cabo Gilberto (PL) afirmou que o licenciamento é essencial para destravar obras no país e acusou o governo de distorcer o debate, colocando a opinião pública contra o setor produtivo.

Críticas à atuação do governo


O deputado Zé Vitor criticou duramente a postura do governo, afirmando que Lula "desmontou completamente a ideia da lei" com os vetos, resultando em um projeto sancionado sem sinergia com o esperado pelo Congresso e os setores afetados. A percepção é que, do jeito que está, o Brasil não terá uma lei de licenciamento ambiental funcional. De acordo com o parlamentar, há uma expectativa de que o próprio governo, internamente, conte com a proatividade dos parlamentares para corrigir as falhas criadas pelos vetos. Por outro lado, caso os vetos não sejam derrubados ou o texto não seja aprimorado, a consequência, segundo a FPA, será a paralisação de obras essenciais no país, como escolas, creches e pavimentação de rodovias, alimentando a "máquina da burocracia". Nesse sentido, a necessidade de exigir CAR analisado para manutenção de estradas e pavimentação de rodovias, por exemplo, é vista como uma burocracia que não contribui para o meio ambiente. Na avaliação de Zé Vitor, haverá judicialização de alguns pontos, como a questão da autonomia dos estados e municípios, indicando que a FPA está preparada para buscar vias legais caso a negociação política não seja frutífera.