Ratinho Jr. impulsiona obras e enfrenta críticas ambientais
11/08/2025, 11:30:23Ratinho Jr. e suas grandes apostas
Nome cotado para concorrer ao Planalto nas eleições de 2026, Ratinho Junior (PSD) chega à reta final do seu segundo mandato no Governo do Paraná com uma gestão marcada por privatizações, como a venda do controle acionário da Copel (Companhia Paranaense de Energia), e a incorporação de pautas bolsonaristas, como as escolas cívico-militares.
Além disso, Ratinho também deseja ser lembrado pelo eleitorado por grandes obras de infraestrutura no litoral, como o alargamento da faixa de areia nas praias de Matinhos e a construção da ponte de Guaratuba, prevista para ser entregue em abril de 2026, período em que ele possivelmente se afastará do cargo, caso mantenha interesse na disputa eleitoral.
Conflitos e críticas na área ambiental
As obras no litoral geraram embates com o Ministério Público e críticas de entidades ligadas ao meio ambiente, que constituem a área de maior desgaste de Ratinho ao longo dos mandatos. Um projeto de lei que flexibiliza e simplifica o licenciamento ambiental foi aprovado no Paraná meses antes de proposta semelhante receber aval do Congresso Nacional, com 63 pontos vetados pelo presidente Lula (PT).
Na contenda com o Ministério Público, Ratinho obteve vitórias no campo judicial. A mais recente liberou outro projeto no litoral, a chamada Faixa de Infraestrutura, que consiste em um conjunto de obras formado por uma rodovia de quase 25 km, um gasoduto e um ramal ferroviário, todos interligados a um porto privado ainda em construção em Pontal do Paraná.
Entre outras contestações à megaobra, o Ministério Público cita a grande derrubada da Mata Atlântica e a ausência de consulta às comunidades tradicionais e indígenas diretamente impactadas.
Apoio na Assembleia e desafios enfrentados
Apesar da polêmica, o governador está blindado por uma ampla base aliada na Assembleia Legislativa, que inclui cargos na administração, e favorecido por uma bancada oposicionista pequena, com apenas seis deputados petistas e dois filiados ao PDT, em uma Casa com 54 assentos.
Com o apoio numérico, o Executivo frequentemente solicita regime de urgência nas votações de seu interesse. Este mecanismo acelera o trâmite dos projetos de lei e reduz o debate, sendo utilizado em textos com potencial para gerar desgaste a Ratinho.
A legislação que permitiu a alteração no controle da Copel, diminuindo a participação do estado de 31% para 16%, foi aprovada na Assembleia em menos de uma semana no final de 2022.
Até o primeiro trimestre de 2026, Ratinho quer concluir o processo de desestatização da Celepar, a primeira empresa pública de tecnologia da informação do país, e também pretende vender a Ferroeste, uma empresa criada no final da década de 1980.
Parcerias e reformas na educação
O governador ainda aposta em parcerias com setores empresariais, especialmente na área da educação, onde tem promovido a pontuação no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). As redes estaduais de ensino médio do Paraná e do Espírito Santo conseguiram a segunda melhor posição do país em 2023, atrás apenas de Goiás.
Em junho de 2024, a Assembleia Legislativa aprovou a possibilidade de transferir a parte administrativa dos colégios públicos estaduais para o setor privado, gerando um dos momentos mais delicados do segundo mandato - após um primeiro governo marcado pela crise hídrica e pela pandemia de Covid-19.
Batizado pelo governo de Programa Parceiro da Escola, a ideia provocou uma greve capitaneada pela APP-Sindicato, entidade que representa professores e funcionários da educação e que possui forte influência.
Uma das manifestações acabou em confusão na Assembleia, após a multidão tentar entrar na Casa. A PGE (Procuradoria Geral do Estado) chegou a solicitar a prisão da presidente da APP-Sindicato, Walkiria Mazeto, classificando a mobilização como "atos antidemocráticos" e "terrorismo", enquanto a Justiça estadual iniciou negociações entre as partes.
Na área educacional, a gestão de Ratinho também abraçou o modelo de escola cívico-militar proposto pelo governo federal em 2019, o que é adotado atualmente em mais de 300 colégios no Paraná.
Segurança pública e discurso de Ratinho
No quesito segurança pública, o governador faz acenos ao eleitorado bolsonarista, defendendo o endurecimento das penas e promovendo a autonomia dos estados para legislar sobre o tema. Embora o Anuário de Segurança Pública de 2025 mostre que o Paraná teve uma taxa de violência letal de 18,4 mortes intencionais para cada 100 mil habitantes, que é inferior à média brasileira (20,8), é necessário observar que os índices paranaenses também apresentaram aumento nas mortes por intervenção policial.
Alguns assuntos espinhosos da pauta bolsonarista são frequentemente evitados pelo governador, que tem se mostrado cauteloso em suas respostas a questionamentos sobre falas e atos do ex-presidente. Ele se posiciona "contra a brigaiada" e enfatiza que está focado em criar um ambiente propício a investimentos no estado.
Aliados avaliam que a postura de Ratinho reflete um estilo prático, capaz de dialogar com diversos políticos, enquanto a oposição critica sua retórica em relação aos rumos do país.
Um deputado federal, Tadeu Veneri (PT), expressou sua insatisfação ao afirmar que "Ratinho Jr. foi solidário a Bolsonaro. O que não dá para engolir é o governador taxar de 'briga que não leva a nada' o momento político e econômico mais delicado dos últimos tempos."
Pesquisa Datafolha sobre as eleições presidenciais do ano seguinte indica que Ratinho possui 40% das intenções de voto em um possível segundo turno contra Lula (PT), que aparece com 45%.