Repercussão internacional da prisão domiciliar de Bolsonaro
05/08/2025, 01:31:07A decisão e sua relevância internacional
A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, de decretar a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na segunda-feira (04) ganhou destaque imediato na imprensa internacional. Veículos dos Estados Unidos, Europa e Oriente Médio noticiaram a escalada da crise jurídica e política no Brasil.
Destaque na mídia americana e europeia
Jornais como o estadunidense The Washington Post e o britânico The Guardian explicaram que a medida foi uma resposta ao descumprimento de ordens judiciais por parte de Bolsonaro, que, segundo Moraes, utilizou as redes sociais de aliados e filhos para se comunicar com apoiadores e incitar ataques ao Judiciário, mesmo estando proibido de fazê-lo. A repercussão global não se ateve apenas aos fatos internos, mas também à crescente tensão diplomática entre o Brasil e o governo do presidente estadunidense Donald Trump.
Tensão com os EUA
A maioria dos veículos ressaltou que o processo contra Bolsonaro é o estopim de uma disputa que levou os EUA a imporem sanções ao ministro Alexandre de Moraes e tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. O The Washington Post afirmou que a ordem de prisão domiciliar "sublinhou os limites do poder de Trump para dobrar o juiz brasileiro à sua vontade". A publicação descreveu a decisão como uma "escalada dramática" no embate entre Moraes, a administração Trump e a direita brasileira, deixando claro que o ministro "não tem intenção de recuar em seu processo contra Bolsonaro, apesar de uma intensa campanha de pressão".
A posição do The New York Times
O The New York Times, também dos EUA, colocou o caso no centro da "rixa tarifária do presidente Trump com a nação sul-americana". O jornal informou que Trump considera o processo uma "caça às bruxas" e que as sanções a Moraes foram uma resposta à suposta censura de vozes conservadoras. A rede britânica BBC seguiu a mesma linha, explicando que Trump usou o julgamento de Bolsonaro como justificativa para as tarifas. O jornal detalhou que Moraes acusou o ex-presidente de usar as redes de seus filhos para "espalhar mensagens que encorajavam ataques à Suprema Corte e intervenção estrangeira no Judiciário brasileiro".
Violação de medidas e riscos
O jornal britânico The Guardian focou na justificativa da decisão, afirmando que Bolsonaro violou a proibição de usar redes sociais imposta "em meio a temores de que o líder de extrema direita pudesse fugir para evitar a punição por uma suposta tentativa de golpe". A reportagem citou análise do comentarista político Fernando Gabeira, da GloboNews, que disse: "Bolsonaro está sendo preso gradualmente. A Suprema Corte, consciente ou não, está o levando à prisão em etapas – para evitar um grande choque". O francês Le Monde noticiou que o juiz denunciou o "reiterado desrespeito às medidas impostas" e citou a fala de Moraes na decisão: "Como tenho afirmado reiteradamente, a justiça é cega, mas não é idiota".
Investigação na Argentina
Na Argentina, o La Nación informou que a ordem de prisão ocorreu no âmbito da investigação sobre o financiamento de uma trama para "atrapalhar, a partir dos Estados Unidos, o processo contra ele por tentativa de golpe de Estado".
Repercussão global
A rede Al Jazeera, do Catar, destacou que a ordem de prisão foi emitida um dia após manifestações de apoio ao ex-presidente e que o caso está causando um "racha diplomático" entre Brasil e EUA. A publicação citou a fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se solidarizou com Moraes e afirmou que as sanções foram "motivadas pelas ações de políticos brasileiros que traem nosso país". Na Itália, os jornais Corriere Della Sera e La Repubblica relataram a decisão, explicando que Bolsonaro teria violado as restrições ao participar de uma manifestação em Copacabana por meio de uma videochamada com seu filho, o senador Flávio Bolsonaro. A revista alemã Der Spiegel e a agência de notícias russa RIA Novosti também noticiaram a prisão domiciliar, mencionando o uso da tornozeleira eletrônica e a proibição de contato com autoridades estrangeiras como parte das medidas restritivas impostas por Moraes.