Lula afirma que só será candidato em 2026 se saudável

Lula afirma que só será candidato em 2026 se saudável

Lula diz que só será candidato em 2026 se estiver "100% de saúde"

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conversou sobre a possibilidade de concorrer às eleições presidenciais de 2026. Durante seu discurso no encerramento do 17º Encontro Nacional do Partido dos Trabalhadores, realizado em Brasília, Lula enfatizou que, para ser candidato, precisa ser muito honesto consigo mesmo sobre sua saúde e que só disputará o pleito se estiver "100% de saúde".
"E eu tenho dito dentro do PT, para alguns companheiros, que para eu ser candidato tenho que ser muito honesto e sincero comigo. Para ser candidato, eu preciso dar 100% de saúde. Eu decidir ser candidato para depois acontecer comigo que aconteceu com o [Joe] Biden, jamais eu irei enganar o partido, irei enganar o povo brasileiro", assegurou Lula.
O ex-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, revelou em maio deste ano que foi diagnosticado com câncer de próstata em estágio avançado, já com metástase nos ossos. Durante seu mandato na Casa Branca, o norte-americano apresentou sinais de fragilidade, e relatos divulgados pela imprensa indicaram que assessores próximos tentaram ocultar do público outros indícios do agravamento de sua saúde, ainda antes das eleições de 2024.
Biden disputou a reeleição como o presidente mais velho da história dos Estados Unidos, aos 81 anos, mas acabou desistindo da candidatura, cedendo espaço à então vice-presidente, Kamala Harris, que assumiu a cabeça de chapa, mas foi derrotada nas urnas por Donald Trump.
Lula expressou preocupação em repetir o cenário da última eleição presidencial dos Estados Unidos. Ele foi o presidente mais velho a assumir a presidência do Brasil em 2023, iniciando seu terceiro mandato aos 77 anos. Se confirmar a candidatura em 2026, também será o mais idoso a disputar a reeleição. Nos bastidores, há apreensão com episódios de saúde enfrentados pelo petista. O mais recente incidente envolveu uma crise de vertigem e labirintite, que o levou a cancelar compromissos oficiais e passar por uma série de exames no Hospital Sírio-Libanês, em Brasília.
Além disso, Lula havia passado por uma cirurgia na cabeça, em dezembro de 2024, após uma queda. Apesar de todos esses sinais, o presidente garantiu que está em pleno vigor físico e mental, afirmando: "Quando eu falo que eu tenho 80 anos e energia de 30, vocês podem não acreditar, mas hoje eu me sinto mais saudável do que quando eu tinha 60 ou 65 anos. Eu me cuido mais. Tem uma mulher que me cuida muito".
Além das questões de saúde, Lula aproveitou seu discurso para transmitir orientações sobre a estratégia do partido nas próximas eleições. Ele defendeu que o PT precisa ser mais criterioso na escolha de seus candidatos e avaliar com mais rigor a viabilidade eleitoral de cada nome disponível para disputar cargos públicos.
"É preciso ter coragem para olhar para o soldado e dizer: ‘Vamos à guerra’. Mas a mesma coragem se faz necessária para olhar na calmaria e dizer: ‘Vamos parar a guerra’. Essa é a diferença entre um líder e um bravateiro, entre alguém sério e alguém que não é. E é disso que o PT precisa", aconselhou Lula.
Lula ressaltou a divisão interna que o partido enfrenta, com "três ou quatro tendências em alguns estados", mas argumentou que isso são visões pessoais que não devem refletir nas diretrizes ideológicas e políticas do partido. Ele disse: "Isso precisa acabar. Não é possível que a sigla seja vítima de picuinhas entre relações pessoais".
O presidente destacou a importância de se avaliar a candidatura de aspirantes a cargos políticos, questionando: "É importante as pessoas quererem ser alguma coisa. Mas, mais importante ainda, é perguntar se o partido quer que ela seja". Ele sugeriu que a escolha dos candidatos não possa depender apenas de decisões individuais, mas sim de uma articularção mais ampla dentro do partido.
Com relação às eleições de 2026, Lula reforçou que o PT precisa ampliar sua base no Congresso Nacional, com o objetivo de eleger uma maioria no Senado e conter o crescimento da bancada de oposição, que atualmente conta com 25 senadores. Ele alertou que se a oposição eleger mais 17 senadores, alcançará 41 e fará maioria: "Precisamos avaliar com seriedade quem quer ser candidato, se há apoio, se há viabilidade. Porque, senão, o sujeito é candidato quando quer, e deixa de ser quando quer. Se não mudarmos isso, não normalizamos o partido que fundamos para representar de fato o povo brasileiro", pontuou.
Lula também abordou os desafios que o governo possui para dialogar com o Congresso Nacional. Durante a abertura do 17º Encontro Nacional do partido, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reconheceu a fragilidade da base do Executivo no Legislativo, algo que Lula reiterou em seu discurso.
"Você sabe quantas conversas precisamos ter para aprovar uma isenção de R$ 5 mil no Imposto de Renda? Sabe quantas articulações para aprovar que quem ganha acima de R$ 1 milhão pague um pouco mais? Porque quem vota não é o povo pobre, são os mais ricos", explicou Lula.
Ele destacou que a dificuldade de convergência com o Congresso ocorre, principalmente, devido ao fato de que o PT não foi capaz de eleger um número significativo de deputados e senadores nas últimas eleições. Com apenas 70 dos 513 deputados e 9 dos 81 senadores eleitos, o petista ponderou que "se depender só de nós, a gente não aprova nada".
Por fim, Lula concluiu que a arte da política exige muitas conversas e concessões, afirmando que "se não for assim, você não faz política e você não governa".