Aprovação de tornozeleira em Bolsonaro gera opiniões divididas

Aprovação das Medidas Cautelares

A maioria dos brasileiros demonstra apoio à imposição de medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica, ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). De acordo com uma pesquisa realizada pelo Datafolha, 55% dos entrevistados acreditam que a decisão do ministro do STF, Alexandre de Moraes, foi correta. Este mesmo percentual reflete a opinião de que Bolsonaro tinha a intenção de deixar o país antes de ser julgado.

Detalhes da Pesquisa

O levantamento foi feito nos dias 29 e 30 de julho e contou com a participação de 2.004 pessoas maiores de 16 anos em 130 cidades brasileiras. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos para mais ou para menos. Dentre os que aprovam as medidas, 44% afirmam fazê-lo totalmente, enquanto entre os 41% que desaprovam, 32% se mostram totalmente contrários. Apenas 3% não expressaram opinião e 1% mostrou indiferença.

Contexto do Julgamento de Bolsonaro

Bolsonaro é réu em um processo relacionado a uma suposta trama golpista para se manter no poder após perder as eleições para Lula (PT) em 2022. O julgamento está agendado para ocorrer em setembro. Recentemente, Moraes ordenou o uso de tornozeleira em Bolsonaro, que também não pode sair de casa à noite e nos finais de semana, além de outras restrições.

A Crise Diplomática

Esta decisão surgiu em um contexto de crise diplomática e política, exacerbada pelas tarifas elevadas anunciadas pelo presidente americano Donald Trump, que chamou a situação de "caça às bruxas" contra Bolsonaro. Moraes declarou que, devido à atuação do filho de Bolsonaro junto a apoiadores de Trump nos EUA, havia riscos de fuga do ex-presidente.

Percepção da População

Ainda segundo o Datafolha, 55% dos entrevistados acreditam que Bolsonaro pretendia sair do país, enquanto 36% disseram o oposto e 10% não se manifestaram. O apoio às medidas cautelares também é maior entre pessoas com menor nível de instrução (59%), e entre aqueles que recebem até dois salários mínimos (57%). Contudo, a aprovação cai para 44% entre a classe média baixa associada ao bolsonarismo.

Divisões na Opinião Pública

As opiniões sobre as medidas de Moraes seguem as divisões políticas do Brasil. Evangélicos, que geralmente são um grupo identificado com Bolsonaro, mostraram-se críticos às ações do STF, com 40% aprovando as medidas e 56% desaprovando. A discordância também é maior entre homens (44%) do que entre mulheres (38%), e a região Nordeste, tradicionalmente apoiadora de Lula, leva a aprovação das restrições, com 63%.

Ameaças de Prisão e Advertências

Adoção das medidas levou Moraes a ameaçar Bolsonaro de prisão após o ex-presidente descumprir uma regra ao fazer um pronunciamento indireto nas redes sociais, utilizando a tornozeleira como parte do visual durante uma entrevista. Essa transgressão gerou apenas uma advertência e reforçou as regras de conduta que Bolsonaro deve seguir até o julgamento, o qual ele considera uma farsa política com objetivos persecutórios.