Lula cobra respeito de Trump em negociações tarifárias
30/07/2025, 14:42:03Lula exige respeito de Trump para negociar tarifaço
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou sobre as tensões políticas com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em uma entrevista com o jornal The New York Times. Ele criticou a postura do norte-americano e afirmou que o Brasil não aceitará ameaças à sua soberania.
A declaração foi dada em entrevista ao jornalista Jack Nicas, publicada nesta terça-feira (30), no último dia do correspondente no Brasil. Segundo Lula, Trump está ignorando as ofertas de diálogo de seu governo sobre a imposição tarifária de 50% aos produtos brasileiros.
"Tenham certeza de que estamos tratando isso com a máxima seriedade. Mas seriedade não exige subserviência", disse o presidente brasileiro. "Trato a todos com muito respeito. Mas quero ser tratado com respeito."
As ameaças de Trump estão relacionadas ao julgamento do ex-presidente brasileiro, Jair Bolsonaro. A ameaça das tarifas de Trump sobre o Brasil começam a valer nesta sexta-feira, 1º de agosto, um movimento interpretado por autoridades brasileiras como uma tentativa de interferência direta no processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
"Talvez ele não saiba que aqui no Brasil o Judiciário é independente", disse Lula ao NY Times. Ele também afirmou que deseja dizer a Trump que brasileiros e americanos não merecem ser vítimas da política, caso essa seja a razão pela qual o estadunidense esteja impondo o imposto ao Brasil.
"O povo brasileiro pagará mais por alguns produtos, e o povo americano pagará mais por outros. E eu acho que a causa não merece isso. O Brasil tem uma Constituição, e o ex-presidente está sendo julgado com pleno direito de defesa", destaca.
Questionado pelo jornal o porquê de não ligar e explicar isso a Trump, Lula disse que o que impede é que "ninguém quer conversar".
"Pedi para entrar em contato. Designei meu vice-presidente, meu ministro da Agricultura, meu ministro da Economia, para que cada um possa conversar com seu homólogo e entender qual seria a possibilidade de diálogo. Até agora, não foi possível", afirma Lula.
Lula também contou que o Brasil não vai negociar "como se fosse um país pequeno contra um país grande". Para ele, a grandeza política e econômica dos EUA não deixa o governo brasileiro com medo, e sim preocupado com as relações econômicas.
Questionado sobre a estratégia brasileira caso as tarifas entrem em vigor, Lula explicou que não vai "chorar pelo leite derramado". Caso os EUA não queiram comprar algo do Brasil, Lula diz que vai procurar alguém que queira.
"Temos uma relação comercial extraordinária com a China. Se os Estados Unidos e a China quiserem uma Guerra Fria, não aceitaremos. Não tenho preferência. Tenho interesse em vender para quem quiser comprar de mim — para quem pagar mais", comenta.