Prisão de Zambelli é vista como previsível por políticos

Prisão de Zambelli é vista como previsível por políticos

A prisão da deputada Carla Zambelli

A prisão da deputada federal Carla Zambelli (PL), ocorrida nesta terça-feira (29) em Roma, foi tratada com naturalidade por aliados e opositores no Congresso Nacional. Nos bastidores, lideranças políticas já discutiam a possibilidade da detenção, com base em informações que circulavam por grupos de WhatsApp e conversas privadas.

Nota de solidariedade do PL

A bancada do PL na Câmara divulgou uma nota oficial em solidariedade à deputada. O comunicado, assinado pelo líder do partido, deputado Sóstenes Cavalcante, afirma que Zambelli se apresentou voluntariamente às autoridades italianas, iniciando o pedido de asilo político e negando tentativa de fuga. Segundo a nota, a prisão seria resultado de um processo de supressão de garantias legais no Brasil.

No texto, o PL aponta que há concentração de poderes no Judiciário, que acumularia funções sem o devido controle. A legenda cita censura, criminalização da oposição e silenciamento de parlamentares e jornalistas. A bancada ainda afirma que o caso de Zambelli não é isolado e convoca outras lideranças partidárias a reagirem. "Se o Parlamento aceitar calado o exílio político de seus membros, a censura de seus líderes e a criminalização da oposição, estará assinando sua própria rendição. Não será por golpe, será por omissão."

Reação da base do governo

A base do governo, por outro lado, defende a execução da pena imposta à parlamentar, condenada por envolvimento na invasão do sistema do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Integrantes do governo retomaram o uso da expressão “traidora da pátria”, atribuída a Zambelli e outros aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro desde os atos de 8 de janeiro de 2023.

Parlamentares governistas também mencionaram o apoio da deputada ao tarifaço anunciado em junho pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que afeta diretamente a economia brasileira. A medida deve entrar em vigor em 1º de agosto, caso não seja revertida.

Position of the Congressional Leaders

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), declarou que foi informado sobre a prisão por meio da imprensa e confirmou o recebimento de dados preliminares do Ministério da Justiça. Ele afirmou que a Casa já tomou as providências cabíveis, com tramitação de representação contra Zambelli na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania. Segundo Motta, a Câmara não tem competência para deliberar sobre a prisão, apenas sobre a perda do mandato.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não comentou o episódio até o momento. Também não houve manifestação pública da família Bolsonaro. Em 2023, o Portal iG noticiou que Jair Bolsonaro (PL) atribuiu a Zambelli a responsabilidade por sua derrota eleitoral em 2022.