Melhor notícia de Lula ofuscada pela guerra das tarifas

Melhor notícia de Lula ofuscada pela guerra das tarifas

Saída do Mapa da Fome


O Brasil saiu novamente do Mapa da Fome, mas só se fala de outra coisa no Brasil – principalmente o Brasil que tomou café, almoçou e jantou todos os dias de 2019 para cá. Naquele ano, antes mesmo da pandemia, o país havia voltado para a cartografia dos famintos elaborada pela FAO, a agência da ONU especializada em Alimentação e Agricultura. A entidade mede o acesso da população a uma alimentação que seja suficiente para levar uma vida ativa e saudável. Hoje, segundo a FAO, menos de 2,5% da população está em risco de subalimentação - quando uma pessoa consome na maior parte dos dias menos calorias do que o necessário para manter funções básicas da existência (acordar, levantar, se locomover, trabalhar, etc). O Brasil havia saído da lista de países onde a fome ainda era endêmica em 2014.

Políticas Públicas e a Fome


Entre 2018 e 2020, a ONU colocou o país novamente na lista da insegurança alimentar. O relatório agora leva em conta dados de 2022 e 2024. Há muito, claro, o que se fazer. O Brasil, afinal, ainda tem 35 milhões de pessoas com dificuldade para se alimentar. Faltam a essas pessoas recursos para fazer as três refeições diárias. Nessa categoria, as famílias até têm acesso a alimentos, mas costumam literalmente trocar o almoço pelo jantar ou vice-versa. A saída do Brasil do mapa da fome é resultado direto das políticas públicas focadas na redução da pobreza e no apoio à agricultura familiar, um dos pilares do atual governo.

Eleição do Bolsa Família


Quando voltou à Presidência, uma das primeiras medidas de Lula foi mudar o foco da principal ferramenta de transferência de renda da gestão anterior, o Auxílio Brasil. Segundo especialistas, o programa elevou o valor recebido por beneficiários sem focar em critérios sobre quem seriam e como eles seriam beneficiados. Lula retomou o Bolsa Família em 2023 reforçando as condicionalidades e incluindo benefícios complementares. Também fez uma revisão do Cadastro Único (agora atualizado a cada dois anos) para combater fraudes frequentes dos anos anteriores. Entre as condicionalidades para as famílias estavam a exigência de matrícula escolar e frequência mínima entre crianças e adolescentes de 4 a 17 anos. As crianças deveriam também estar com a caderneta de vacinação atualizada e passar por acompanhamento nutricional.

Desafios Futuros


Nesses três anos foram lançados também programas de apoio a pequenos agricultores (com crédito, compras públicas, seguro agrícola, assistência técnica e preço mínimo). O Programa de Aquisição de Alimentos, por exemplo, garantiu a compra de 2,15 mil toneladas de alimentos produzidos por agricultores familiares só em março deste ano. Mas nada disso estará em pauta ou nas manchetes ao longo do dia. Do pronunciamento de Lula na segunda-feira (28), quando esteve no Rio para a inauguração de uma usina de gás natural, as atenções estavam voltadas às estocadas na família Bolsonaro e em Donald Trump, que ameaça impor tarifas de 50% sobre exportações brasileiras a partir do dia 1º de agosto. A preocupação faz sentido. O estrago das medidas pode colocar a perder objetivos maiores, como a erradicação da fome no país. Mas, como o próprio presidente disse em discurso, há quem jure colocar o Brasil acima de tudo enquanto atua para manter os interesses dos Estados Unidos em primeiro lugar.