Silêncio de Alcolumbre e Motta após tarifas de Trump
11/07/2025, 09:30:53Contexto do Anúncio
(FOLHAPRESS) - Os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), silenciaram sobre a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de sobretaxar em 50% o Brasil, em uma ofensiva para defender Jair Bolsonaro (PL).
Impasse político
O anúncio de Trump ocorreu por volta de 15h nesta quarta-feira (9), o que veio seguido de reações de parlamentares, ministros do governo Lula (PT) e representantes de setores da economia ao longo do dia. Contudo, as principais lideranças do Congresso Nacional não se pronunciaram.
Motta presidiu o plenário da Câmara nesta quarta, mas não comentou o anúncio durante a sessão, ignorando até mesmo perguntas de jornalistas ao sair. Alcolumbre, que não participou da sessão do Senado, também preferiu manter silêncio quando foi solicitado a se manifestar.
Sobretaxa imposta por Trump
Trump impôs uma sobretaxa de 50% ao Brasil, mencionando Bolsonaro em sua carta ao governo brasileiro, que foi posteriormente devolvida. Essa foi a maior tarifa entre as 21 anunciadas pelo presidente americano nesta semana.
Segundo Trump, a sobretaxa foi motivada, em parte, pelos "ataques insidiosos do Brasil às eleições livres e aos direitos fundamentais de liberdade de expressão dos americanos".
Reuniões e Decisões do Governo Brasileiro
O presidente Lula e o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, conversaram por telefone no início da noite sobre a ofensiva americana. A ligação, feita por Barroso, resultou em um consenso de que as primeiras reações do Brasil às decisões de Trump deveriam ser lideradas pelo governo, concentrando as manifestações no Palácio do Planalto e no Itamaraty.
O Supremo, por sua vez, adotou uma postura mais discreta nas horas seguintes ao anúncio de Trump, considerando que a decisão do presidente americano possui um caráter eminentemente político e não afeta os processos em andamento na corte.
Consequências no Cenário Político
Com Bolsonaro inelegível até 2030 devido a condenações pelo TSE, que o acusam de ataques ao sistema eleitoral, a situação política no Brasil se torna ainda mais tensa. Deputados federais reagiram à decisão de Trump ao longo do dia. Enquanto aliados de Lula responsabilizaram o ex-presidente Bolsonaro, bolsonaristas atribuíram a culpa à política externa do governo atual.
Durante o anúncio de Trump, o Senado estava esvaziado. No entanto, o presidente da bancada ruralista, deputado federal Pedro Lupion (PP-PR), se encontrou com a senadora Tereza Cristina (PP-MS) e, após a reunião, a bancada emitiu um comunicado expressando preocupação com a nova medida.
Em nota, a bancada ressaltou que "a nova alíquota produz reflexos diretos e atinge o agronegócio nacional, com impactos no câmbio, no aumento do custo de insumos importados e na competitividade das exportações brasileiras", defendendo uma resposta "firme e estratégica".
Debates acalorados na Câmara
Na Câmara, o anúncio originou debates acalorados entre os governistas e a oposição. Um dos momentos mais tumultuados aconteceu quando o bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG) teve seu discurso interrompido por movimentações em torno do adversário político André Janones (Avante-MG).
Posição do Presidente Lula
Mais tarde, o presidente Lula fez uma publicação em suas redes sociais, com o mesmo texto divulgado pelo Palácio do Planalto. Na mensagem, Lula afirmou que o Brasil é soberano, com instituições independentes, e que o país "não aceitará ser tutelado por ninguém".
Ele ainda acrescentou que a justiça brasileira é responsável por processar aqueles que tentaram planejar um golpe de estado e que não tolerará ingerências externas. Na carta de Trump, o presidente americano também mencionou decisões do STF contra redes sociais.
Por fim, Lula afirmou que "no Brasil, liberdade de expressão não se confunde com agressão ou práticas violentas" e que todas as empresas, nacionais e estrangeiras, devem respeitar a legislação brasileira para operar no país.