Operação da PF investiga fraude com deputado Júnior Mano no CE
09/07/2025, 04:31:16A operação da Polícia Federal
A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (8) uma operação que visa desvios de recursos públicos por meio de emendas parlamentares e fraudes em processos licitatórios e contratos no Ceará. O deputado federal Júnior Mano (PSB-CE) é um dos alvos dessa operação. Outras cinco pessoas também estão sendo investigadas com mandados de busca cumpridos em seu gabinete na Câmara dos Deputados, em sua residência em Brasília e também no Ceará.
Detalhes da Operação Underhand
A operação, denominada Underhand, contou com um total de 15 mandados de busca e apreensão autorizados pelo ministro Gilmar Mendes, do STF. Os mandados foram executados em cidades como Fortaleza, Nova Russas, Eusébio, Canindé e Baixio, além do Distrito Federal.
Investigações e suspeitas
A investigação, que está sob sigilo, apura possíveis crimes, entre eles organização criminosa, captação ilícita de sufrágio, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica para fins eleitorais. Segundo a Polícia Federal, o núcleo investigado é suspeito de direcionar verbas públicas de emendas parlamentares a municípios no Ceará, com contrapartidas financeiras ilícitas, além de influenciar processos licitatórios através de empresas ligadas ao grupo.
Os valores desviados, conforme as investigações, teriam sido utilizados para o financiamento clandestino de campanhas eleitorais no Ceará durante as eleições de 2024.
Histórico das investigações
As investigações da Polícia Federal começaram em setembro do ano passado e inicialmente se concentravam no candidato mais votado de Choró (CE) nas eleições municipais, Carlos Alberto Queiroz Pereira, conhecido como Bebeto do Choró (PSB). Sua posse foi suspensa devido às apurações. Em dezembro do mesmo ano, a PF indicou suspeita de envolvimento de Júnior Mano no esquema.
Segundo a polícia, o deputado exerceria um papel central na manipulação das eleições municipais, através de compra de votos e direcionamentos de recursos públicos desviados por empresas controladas por um grupo criminoso. Júnior Mano passou a ser suspeito de estar diretamente ligado ao desvio de recursos de emendas parlamentares, que seriam usados para fortalecer sua base de apoio político.
Desdobramentos legais
O inquérito, que estava sob responsabilidade da Justiça Eleitoral do Ceará, foi transferido ao STF após a menção ao deputado. A assessoria do parlamentar se manifestou afirmando que ele não tem qualquer participação em processos licitatórios ou fiscalizações de contratos administrativos. O deputado reafirmou sua confiança nas instituições, especialmente no Poder Judiciário e na Polícia Judiciária Federal, manifestando compromisso com a legalidade e transparência.
“O parlamentar tem plena convicção de que, ao final da apuração, a verdade dos fatos prevalecerá, com o completo esclarecimento das circunstâncias e o reconhecimento de sua correção de conduta”, afirmou a assessoria.
Reações e medidas adotadas
A liderança do PSB na Câmara também comentou a operação, ressaltando a necessidade de investigação e esclarecimento dos fatos o mais breve possível, respeitando o devido processo legal e a ampla defesa. As medidas autorizadas pelo ministro Gilmar Mendes ainda incluíram o acesso a dados telemáticos de celulares apreendidos e o bloqueio de ativos financeiros no total de R$ 54 milhões das pessoas físicas e jurídicas investigadas.
O ministro também determinou o compartilhamento integral das provas com a Controladoria-Geral da União (CGU) para responsabilização administrativa dos agentes públicos envolvidos e a abertura de uma investigação adicional para verificar a possível participação de autoridades com foro privilegiado na execução ilícita de emendas parlamentares.
Conclusão
As investigações revelam um esquema complexo de desvio de recursos públicos e levantam preocupações sobre a corrupção no uso de emendas parlamentares no Ceará. Os desdobramentos desse caso são esperados com atenção tanto pela sociedade quanto pelas instituições envolvidas na apuração.