Nikolas critica Curupira como mascote da COP30 e Barbalho responde

Nikolas critica Curupira como mascote da COP30 e Barbalho responde

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Curupira, símbolo do folclore indígena, está no centro de uma polêmica política digital que envolve o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) e o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB).


Ferreira ironizou, na rede X, a escolha do personagem, que é representado com cabelo de fogo, pés virados para trás, corpo de menino e uma lança, como mascote da COP30, a cúpula climática das Nações Unidas, que ocorrerá em Belém de 10 a 21 de novembro. "Excelente escolha pra representar o Brasil e nossas florestas: anda para trás e pega fogo", escreveu o parlamentar em uma postagem que atraiu mais de três mil comentários, seis mil compartilhamentos e 34 mil curtidas. Barbalho respondeu, tanto no X quanto no Instagram: "Enquanto uns mostram que andam pra trás ao não reconhecer a cultura e o folclore do nosso país, a gente avança fazendo o mundo inteiro voltar os olhos ao Brasil e ao Pará como grandes protagonistas das discussões e iniciativas em prol da preservação do meio ambiente". O governador afirmou que o Curupira, que chamou de "nosso protetor", continuará a ser referência da COP30. Segundo a lenda, o personagem possui os pés virados para trás com o intuito de despistar caçadores e proteger a floresta contra invasores. "O Curupira é um ser fantástico, mágico e defensor da floresta. Ele tem os métodos dele. É traquina, apronta, prega peças porque, na verdade, o grande propósito dele é salvar as matas, preservar as florestas", disse a escritora Januária Silva, autora do livro "O Curupira e Outros Seres Fantásticos do Folclore Brasileiro". Em uma nota, a gestão da cúpula climática informou que o Curupira foi escolhido para simbolizar o compromisso do Brasil com a redução das emissões de gases que provocam o aquecimento global. A figura enfatiza, durante os debates ambientais, a importância da Amazônia e das pessoas que a conservam e dela dependem. O padre José de Anchieta (1534-1597) foi o primeiro a registrar o Curupira em um texto escrito em São Vicente, no litoral de São Paulo, no ano de 1560. Ele relatou que os indígenas temiam muito essa figura e realizavam oferendas para não serem atacados. O termo tem origem no tupi-guarani, onde "curumim" significa menino e "pira" significa corpo. O pesquisador Paulo Maués, autor do livro "Histórias de Curupira", destaca que a lenda ainda é bastante relevante na região amazônica, influenciando a relação da população com o meio ambiente: "O conhecimento em torno das lendas brasileiras, especialmente as amazônicas, está muito associado à preservação da natureza". "Personagens como o Curupira, o Boto e a Iara são verdadeiros agentes de consciência ecológica, de educação ambiental". Além de ser um símbolo de proteção ambiental, conforme a organização da COP30, o Curupira desempenha um papel educativo, atraindo o interesse das novas gerações para os temas relacionados à preservação da natureza.