Desafios de Lula no Congresso e eleições de 2026

Desafios de Lula no Congresso e eleições de 2026

Desafios e Contexto Político

(FOLHAPRESS) - A recente derrota do governo de Lula no Congresso, com a rejeição dos decretos que aumentariam as alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), reflete um quadro preocupante para o presidente nas eleições de 2026, segundo especialistas em ciência política. Este evento não só simboliza um enfraquecimento do governo, mas também levanta questões sobre a capacidade de Lula em garantir apoio entre os congressistas para sua reeleição.

Impactos da Derrota

A situação do IOF reflete uma sequência de revezes da administração petista ao longo do ano e marca a formação de uma nova articulação política entre Davi Alcolumbre, presidente do Senado, e Hugo Motta, presidente da Câmara dos Deputados. Ambos têm se posicionado contra o Planalto.
Na Câmara, a proposta que anula os decretos recebeu 383 votos a favor e 98 contra, enquanto no Senado a aprovação ocorreu de forma simbólica, sem contabilização formal dos votos. Este foi um momento inédito desde a era do governo de Fernando Collor, nos anos 1990, quando um decreto presidencial teve sua rejeição pelo Legislativo.

Preocupações sobre o Futuro Político

Beatriz Rey, professora de ciências políticas da USP, comentou: "A falta de articulação política do governo terá consequências dramáticas para Lula nas eleições do ano que vem". Segundo ela, a derrubada dos decretos do IOF é um reflexo do distanciamento dos partidos em relação ao governo, o que poderá acarretar em perda de apoio em um ano eleitoral desafiador.
Adicionalmente, Rey observa que a prioridade de Lula parece se deslocar em direção à construção de um legado internacional, distanciando-se das articulações políticas necessárias com o Congresso.

Abrace os Desafios Atuais

Atualmente, deputados e senadores enfrentam um governo que se vê marcado por problemas de popularidade. Pesquisas do Datafolha indicam que cerca de 40% do eleitorado desaprova Lula, o que representa o nível mais baixo de aprovação em seus três mandatos. Apenas 28% dos entrevistados aprovam sua gestão, sugerindo um retrocesso na recuperação de sua popularidade.

Estratégias e Expectativas para as Próximas Eleições

Rey ainda ressalta a dificuldade em identificar a base de apoio do governo. Embora se conte com 16 dos 19 partidos em potencial que poderiam compor a coalizão, a realidade política é distinta, com 5 partidos de centro-direita como União Brasil, PSD, MDB, Republicanos e PP, que já consideram outros candidatos para as próximas eleições, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.
De janeiro a maio, Lula enfrentou oito significativas derrotas na Câmara, incluindo um rompimento com o PDT e a aprovação de um projeto que visava suspender ações do STF (Supremo Tribunal Federal).

Alternativas para a Articulação Política

Diante desse cenário, o professor Marco Antonio Teixeira, da FGV, aponta que a insatisfação do Congresso com Lula também é exacerbada pela reforma ministerial em andamento, junto com a pressão por um maior direcionamento de emendas.
Ele acrescenta que a falta de popularidade afasta aliados, tornando cada posição ministerial menos atrativa, já que os parlamentares podem alocar recursos para suas bases eleitorais. "O problema é a falta de articulação política combinada à voracidade por emendas. O efeito é devastador", afirma Teixeira.
No momento atual, Lula pode contar apenas com os aliados tradicionais, sem a expectativa de uma nova ampla coalizão.

A Reação do Executivo

Teixeira observa que a recente derrubada do IOF consolidou a deterioração das relações entre o Executivo e o Legislativo. No início do ano, a relação entre Lula e Rodrigo Pacheco, ex-presidente do Senado, estava em ascensão, com elogios mútuos, principalmente após a sanção de um projeto relevante para a renegociação das dívidas estaduais.
No entanto, a relação de Lula com Arthur Lira, atual presidente da Câmara, é baseada na desconfiança, e os acordos realizados não foram respeitados, ao contrário do que ocorreu no caso do IOF. Para Teixeira, a solução passa pela assunção pessoal de Lula na articulação, considerando que as tentativas de outros têm falhado.