Lula orienta aliados a enfrentar centrão após frustrações
30/06/2025, 04:38:20Introdução
O presidente Lula (PT) está instigando seus ministros e aliados políticos a deixarem claras as divergências com o centrão e a oposição, especialmente após uma série de derrotas que o governo enfrentou na discussão sobre mudanças no IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
Estratégia de Contraposição
De acordo com assessores do presidente, a recomendação é que se argumente que os parlamentares do centro e da direita – incluindo membros de partidos que são aliados – estão resistindo à implementação de uma justiça tributária no Brasil. Um colaborador próximo de Lula destacou que o governo quer se posicionar claramente, afirmando que não vai permitir cortes em programas sociais para preservar privilégios a poucos. Um outro membro da equipe do presidente enfatizou a determinação de Lula em conduzir essa luta.
Política Econômica Inclusiva
Nos primeiros dois anos de governo, Lula adotou uma política econômica que focava na inclusão, respeitando os limites do arcabouço fiscal. Isso implica que ele não apoiará medidas que restrinjam os direitos dos mais pobres. Aliados também informam que o presidente tem encorajado o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), a ser mais ativo e a defender a incidência de tributos sobre os mais ricos, com o objetivo de aliviar a carga tributária sobre os mais pobres.
Impostos sobre os Ricos
Haddad, que há tempos é um defensor de impostos progressivos, está agora se posicionando de maneira ainda mais enfática sobre a questão. "Quem está condoído [com o projeto de aumentar impostos para ricos], quem faz propaganda contra são os 140 mil [super-ricos]. Eu estou tranquilo em relação a isso, porque eu sou ministro da Fazenda para enfrentar os 140 mil. Eu estou aqui para fazer justiça tributária", afirmou o ministro em uma entrevista recente.
A Resposta do PT e a Taxação de Super-Ricos
Na semana passada, o PT lançou um vídeo abordando a questão da tributação, onde discorre sobre uma "taxação BBB: bilionários, bancos e bets". A mensagem do governo é clara: "O governo vai passar a taxar quem sempre pagou pouco ou quase nada: os super-ricos". É relevante notar que, mesmo sem um incentivo expressado por Lula, seus assessores já estavam seguindo essa linha de raciocínio, influenciados pela postura do próprio presidente.
Desenvolvimentos no Congresso
Alinhado ao cenário político, o debate em torno do IOF emergiu como um marco no endurecimento do discurso governista. A situação se intensificou quando a cúpula do Congresso apresentou um projeto que reverteria as alterações realizadas pelo Executivo sem comunicar o Planalto previamente. Essa manobra foi vista por Lula e seus aliados como um insulto, destacando um ambiente tenso entre o governo e o Legislativo.
Enfrentamento e Preocupações Futuras
À medida que a tensão aumenta, a estratégia de Lula se torna clara: buscar apoio popular para justificar a necessidade de taxar os mais ricos para financiar serviços e programas sociais. Ele orienta a equipe a mostrar que as forças políticas que se opõem a essa ideia são as que defendem privilégios para um pequeno grupo da sociedade.
A Reação do Governo
Com uma deterioração do clima político recente, essa abordagem passou de uma simples sugestão para uma estratégia política bem definida, visto que a administração Lula se vê pressionada após um aumento no IOF para operações de câmbio e crédito na última semana de maio. O Executivo precisa aumentar a arrecadação sem incorrer em mais despesas e, assim, Haddad negociou um aumento menos contundente do imposto, junto com outras estratégias para incrementar as receitas.
A Agilidade do Congresso
Um importante aliado de Lula no Congresso, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), demonstrou agilidade ao colocar o projeto em votação no Senado no mesmo dia em que ele havia sido aprovado na Câmara, um gesto considerado raro no Legislativo. No entanto, essa apatia em relação ao governo foi interpretada como uma traição a Haddad, que já vinha sendo criticado pela sua condução nas discussões de impostos.
Conclusão
Com a frustração crescente e a percepção de que o Planalto não pode contar com o Congresso, a ordem de Lula é clara: ir a público e destacar a importância da taxação dos ricos para a justiça social no Brasil. A dinâmica política está em constante mudança, e a administração do presidente enfrenta um horizonte desafiador, enquanto tentam navegar em um mar de interesses conflituosos.