Técnica Maia Revoluciona Cultivo em Solo Marciano
26/06/2025, 09:46:30Uma Inovação que Transcende Fronteiras
A astrobióloga brasileira Rebeca Gonçalves surpreendeu o mundo ao demonstrar, pela primeira vez, o cultivo bem-sucedido de tomates, ervilhas e cenouras em solo que simula as condições de Marte. Essa técnica é baseada na rica tradição dos povos maias e foi destaque em uma entrevista ao vivo no quadro "iG Foi Pro Espaço" do Portal iG, realizada nesta quarta-feira (25).
A Importância da Otimização de Recursos
O método desenvolvido por Rebeca visa otimizar recursos limitados, como água e nutrientes, em futuras bases espaciais, inspirado na técnica de policultura dos povos ancestrais. Ela compartilhou que sua paixão por biologia e astronomia começou na infância, tendo sido influenciada por um tio astrônomo.
Uma Trajetória Inspiradora
Após se formar em biologia, Rebeca redirecionou sua carreira para a astrobiologia aos 28 anos, movida por uma crise existencial e pela busca de sua verdadeira paixão. "O que eu realmente gosto de fazer?" - essa reflexão a levou a conectar as suas áreas de interesse. Em uma jornada de pesquisa, ela encontrou um professor referência na astrobiologia na Holanda e a mobilização por uma vaga em seu laboratório resultou em uma resposta positiva: "acabou de liberar uma vaga no meu laboratório, se você quiser, pode vir".
Diversidade de Carreiras no Setor Espacial
Rebeca enfatiza a gama de oportunidades profissionais disponíveis no setor espacial, que vão muito além das engenharias. Áreas como direito, design e administração também desempenham papéis cruciais. Para muitos, o sonho de se tornar astronauta pode parecer distante, mas Rebeca esclarece: "São milhares de possibilidades. Você não precisa ser piloto para ser astronauta". Ela menciona a SpaceX como um exemplo de empresas que buscam talentos de diversas áreas.
Pioneirismo na Aplicação de Técnicas Ancestrais
Seu mestrado na Alemanha contou com uma infraestrutura avançada, incluindo estufas para simular as condições marcianas. O solo utilizado, chamado regolito, tem 97% de semelhança com o solo de Marte. Desenvolvido a partir de dados das missões Rover, esse solo foi manipulado a partir de terra vulcânica do Havaí. A pesquisa de Rebeca se concentrou na otimização de recursos em contextos espaciais, utilizando a técnica de policultura, que combina espécies de plantas com características complementares. "Você basicamente planta espécies com qualidades complementares umas às outras para que elas possam crescer mais usando menos recursos", defende Rebeca.
Resultados Promissores
Os experimentos realizados demonstraram que os tomates cultivados em conjunto com cenouras e ervilhas, capazes de fixar nitrogênio no solo, tiveram um desempenho melhor do que os cultivados de forma isolada. No entanto, Rebeca ressalta que, embora os legumes cultivados em solo marciano simulado tenham mostrado resultados, todos foram menores e menos nutritivos que os produzidos em solo terrestre. "A terra de Marte, esse regolito, é muito pouco nutritiva. Ela é basicamente uma terra estéril... A policultura ajuda a fazer esse solo ser mais fértil".
Uma Perspectiva de Futuro
Questionada sobre se a técnica poderia beneficiar solos menos produtivos na Terra, Rebeca confirmou seu otimismo e ressaltou um aspecto crucial da pesquisa espacial. "É muito legal você ter trazido isso porque isso é uma coisa que não chega muito no ouvido do público". Ela criticou a visão limitada que se tem sobre o setor espacial, frequentemente reduzido a turismo de milionários. Rebeca reafirmou a importância das pesquisas científicas, como aquelas realizadas na Estação Espacial Internacional (ISS), que, por exemplo, contribuem para o desenvolvimento de medicamentos mais eficazes.
Conclusão
Por fim, Rebeca concluiu que "toda pesquisa voltada ao espaço deve também ter o objetivo de que essa pesquisa retorne para a Terra, ou seja, que traga benefícios para o planeta também". Essa filosofia está no cerne de todo cientista espacial e reforça a relevância de suas descobertas. O programa vai ao ar toda quarta-feira, às 18h, no YouTube do Portal iG.