Análise da estreia do quadro iG foi pro espaço
19/06/2025, 09:37:06Introdução ao quadro iG foi pro espaço
A estreia do quadro iG foi pro espaço, transmitido pelo Instagram do Portal iG nesta quarta-feira (18), teve como tema central o caso da jovem Laysa Peixoto, que viralizou ao afirmar que seria a primeira mulher astronauta brasileira, declaração posteriormente desmentida.
Debate e participantes
Participaram do debate os especialistas Pedro Pallotta, CEO do Space Orbit, e Luísa Santos, pesquisadora na área aeroespacial, que analisaram os impactos da repercussão na credibilidade do setor. A mediação foi feita por Giovana Hueb, editora de Redes Sociais do Portal iG.
Dificuldades enfrentadas na área espacial
Durante a live, Pedro e Luísa compartilharam suas trajetórias profissionais e destacaram dificuldades enfrentadas na área espacial, como a falta de representatividade feminina, os altos custos de formação e a escassez de espaços educativos acessíveis.
“Muita criança tem sonho de ser astronauta, tem esse fascínio pelo espaço, e achar um lugar bacana e educativo com relação a isso é muito difícil”, comentou Pedro, que acompanha lançamentos de foguetes de perto e frequentemente viaja ao Texas para isso.
A polêmica Laysa Peixoto
A pauta principal da live girou em torno da recente polêmica envolvendo Laysa Peixoto, que declarou nas redes sociais ser astronauta por conta de uma viagem promovida pela empresa Titans Space. A alegação foi questionada por especialistas da área, entre eles os próprios convidados do programa.
Pedro afirmou ter sido o primeiro a divulgar um vídeo explicando a inconsistência das informações. “Eu fui o primeiro a trazer essa história e fiquei naquele negócio de ‘é sério mesmo que ninguém percebeu isso aqui?’”, disse.
Repercussão e impacto
O divulgador científico ressaltou que a repercussão foi maior do que imaginava. “Acabou virando uma pauta nacional... Quando fui ver, estava recebendo pedido de entrevista do Leo Dias”, contou.
Ele apontou ainda que o caso se espalhou internacionalmente, chegando até portais da Índia. “As falas da própria Laysa são genéricas, tanto sobre o assunto quanto sobre a área como um todo”, avaliou Pedro, destacando que a situação pode desincentivar jovens interessados em seguir carreira científica.
Visão da pesquisadora
Luísa também comentou os desdobramentos do caso e relatou ter sido silenciada por Laysa nas redes sociais. “Nunca mais a vi e nunca pensei que teria desenvolvido alguma coisa a mais daquilo ali”, disse.
Segundo a pesquisadora, a repercussão gerou frustração no meio acadêmico e entre cientistas sérios: “Eu fiquei muito, muito triste porque tomou proporções que infernizou as nossas vidas no meio de pessoas sérias que trabalham com isso”.
Obstáculos no caminho para se tornar astronauta
Ela ressalta a complexidade para se tornar astronauta, destacando os obstáculos enfrentados, como o preconceito de gênero e a dificuldade de financiamento. Segundo ela, “tenho muitos exemplos de colegas que estão nessa mesma meta e a gente passa por tantos problemas nessa carreira”.
Para exemplificar, Luísa comenta que um de seus treinamentos custou cerca de USD$ 10 mil (aproximadamente R$ 54 mil na cotação atual), mostrando o alto investimento necessário para seguir nessa trajetória.
Críticas à desinformação
Luísa também criticou a postura da sociedade de endeusar instituições como a NASA sem senso crítico: “O problema da gente é achar que tudo que sai dela é automaticamente certo. Isso está acontecendo muito nessa geração que acredita em influências sem buscar entender o processo por trás”.
Confiabilidade da informação na ciência
Ambos os convidados concordaram que a quebra de confiança causada pela história afetou outros profissionais, que passaram a divulgar seus currículos acadêmicos para comprovar sua atuação. Luísa citou colegas que acreditam que o episódio “vai virar uma história da qual riremos em dez anos”, enquanto Pedro ironizou: “Vai ser a história da astronauta de Taubaté repercutindo por um bom tempo”.
Inconsistências nas alegações de Laysa
O debate também abordou as inconsistências nas alegações feitas por Laysa, que se apresentava nas redes como a “primeira brasileira a liderar uma série de experimentos científicos em gravidade zero”. Segundo Luísa e Pedro, Laysa, na verdade, atuava em um programa educacional da NASA chamado L’SPACE.
A visão idealizada do astronauta
Luísa reforçou que essa visão idealizada dificulta a vida de quem realmente quer trabalhar como astronauta, pois “pensam que vai ser rápido, que vai ser muito tranquilo”. Aos 27 anos e no mestrado, ela comenta que ainda terá uma grande trajetória pela frente para conquistar seu objetivo: "Sei que ainda vou trabalhar muito para um dia talvez me tornar astronauta".
Responsabilidade pública
Pedro concluiu o caso destacando que a exposição do assunto cumpre um papel de responsabilidade pública, pois “é a forma como a gente tem de evitar que isso se repita”. Ele ressaltou que a documentação em vídeo e o cruzamento de informações tornam esse um trabalho cívico importante para desmentir a história até o fim.