Bolsonaro afirma que nunca agiu contra a Constituição
11/06/2025, 07:18:11Bolsonaro no STF: A defesa de sua postura
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) iniciou seu depoimento ao STF (Supremo Tribunal Federal) afirmando categoricamente que os ministros nunca testemunharam ações de sua parte que fossem contrárias à Constituição. Ele declarou: "Vossa excelência e o ministro [Luiz] Fux não me viram agir contra a Constituição. Eu agi dentro das quatro linhas o tempo todo. Às vezes eu me revoltava, falava palavrão, mas fiz aquilo que devia ser feito".
Críticas ao sistema eleitoral
Durante seu depoimento, que começou às 14h33, o ex-presidente trouxe um exemplar da Constituição para a mesa e o levantou enquanto insistia que não tinha atentado contra a democracia. Ele enfatizou que não era o único que levantava críticas sobre as urnas eletrônicas, afirmando que adotava essa retórica desde 2012. Além disso, leu declarações de outros políticos, como o ministro Flávio Dino e o ex-presidente Carlos Lupi, sem dar contexto, utilizando-as para comprovar que políticos de esquerda também tinham suas reservas sobre o sistema.
Os desafios enfrentados
O depoimento de Bolsonaro é um dos mais esperados no contexto da investigação acerca da trama golpista, sendo a primeira vez que ele se vê obrigado a responder a perguntas do ministro Alexandre de Moraes, figura central nas polêmicas da relação entre o ex-presidente e o STF. Moraes é conhecido por ser alvo frequente das ofensivas de Bolsonaro contra a corte. Atualmente, ele está na posição de conduzindo o processo judicial que pode levar o ex-presidente a enfrentar consequências severas, incluindo prisão.
Intervenções e polêmicas
Bolsonaro reconheceu que, em diversas entrevistas e declarações, discutiu com os líderes das Forças Armadas a possibilidade de decretação de estado de defesa, estado de sítio ou GLO (Garantia da Lei e da Ordem). No entanto, ele evitou detalhar as razões para tais discussões.
Ao longo de sua presidência, Bolsonaro acumulou uma série de declarações que poderiam ser interpretadas como tentativas de golpe, provocando crises entre os Poderes e ameaçando a integridade das eleições de 2022. Sua postura frequentemente instigava sua base à desconfiança em relação ao sistema eleitoral, principalmente após sua derrota para Lula nas eleições.
A defesa de Bolsonaro
A defesa do ex-presidente contestou as acusações, afirmando que não há evidências que liguem Bolsonaro a atividades ilícitas em conexão com a alegada conspiração, argumentando que não existem provas suficientes para sustentar as afirmações da Procuradoria-Geral da República (PGR). Esta última acusou Bolsonaro de ser o líder de uma organização criminosa que tentou dar um golpe de Estado após a eleição de Lula.
Segundo a PGR, a organização teria se consolidado de forma hierárquica e organizada, com forte presença militar. Eles sustentam que Bolsonaro começou a construir o cenário de seu golpe a partir de desinformações sobre as urnas eletrônicas, antecipando-se a uma eventual derrota eleitoral.
Os depoimentos dos réus
Bolsonaro é o sexto réu central da trama golpista a depor esta semana, após outras figuras-chave que já prestaram suas declarações ao Supremo. Dentre eles, destacam-se Mauro Cid, Alexandre Ramagem, Anderson Torres e Augusto Heleno. Os últimos depoimentos restantes pertencem aos generais Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto. Cada um apresenta sua versão dos fatos, contribuindo para um dilema político que ainda se desenrola no Brasil.