Irã pode fabricar até dez bombas nucleares, revela AIEA

Relatório da AIEA e o Aumento do Urânio Enriquecido

O governo do Irã praticamente dobrou seu estoque de urânio enriquecido com um alto grau de pureza nos últimos três meses. A informação consta de um relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), distribuído neste sábado (31). O aumento da produção ocorre no momento em que o país asiático negocia um acordo nuclear com os EUA para não desenvolver armas atômicas.

O documento indica que o Irã acumulou 408,6 quilos de urânio enriquecido com 60% de pureza até 17 de maio. Em fevereiro, o estimado pela agência era de 274,8 quilos. Assim, o Irã é o único Estado sem armas nucleares que está próximo de obtê-las, pois para construir uma bomba atômica é necessário enriquecer urânio a níveis superiores a 95%. O aumento ainda dá ao governo de Teerã a capacidade de produzir cerca de 10 bombas nucleares, caso o regime dos aiatolás opte por seguir com o programa.

Aceleração da Produção e Negociações

O relatório aponta que o regime iraniano decidiu acelerar a produção para ganhar vantagem em negociações conduzidas pelo governo norte-americano, que quer a interrupção do programa nuclear iraniano. Esta semana, o presidente americano, Donald Trump, disse estar otimista sobre as negociações.

O aumento coloca mais pressão sobre Washington. O diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, disse que o relatório indicava a necessidade de uma resolução diplomática, com o auxílio de um sistema de inspeção robusto da agência. Isso porque o Irã desativou câmeras e sensores da agência em locais importantes, mas permitiu que os inspetores entrassem no país e medissem seus crescentes estoques de urânio enriquecido.

Ameaças e Tensão Regional

A indicação de que o Irã caminha para a bomba ocorre em paralelo às ameaças de Israel de um ataque militar a instalações do programa nuclear iraniano. Nas últimas semanas, o premier de Israel, Benjamin Netanyahu, tem argumentado que as principais instalações de produção de combustível nuclear do Irã nas cidades de Natanz e Fordow estão mais vulneráveis do que nunca, após forças israelenses atacarem as defesas aéreas iranianas em outubro passado.

Quando o relatório da AIEA começou a circular, Netanyahu divulgou uma declaração dizendo que eles pintaram um quadro “grave” e que as nações ao redor do mundo devem “agir agora para deter o Irã”. Mas ele evitou ameaças militares. Israel não é signatário do Tratado de Não Proliferação Nuclear e acredita-se que possua um arsenal nuclear próprio, com cerca de 100 armas.

Trump disse que seria “inadequado” bombardear as instalações quando acreditava estar perto de um acordo, mas também afirmou que qualquer acordo diplomático alcançado permitiria aos Estados Unidos desmantelar as instalações de produção nuclear do Irã – algo que os iranianos disseram que nunca permitiriam.

“Quero que seja muito forte, que possamos entrar com inspetores, que possamos levar o que quisermos, que possamos explodir o que quisermos, mas que ninguém seja morto. Podemos explodir um laboratório, mas ninguém estará no laboratório”, disse Trump aos repórteres.

Considerações Finais

O relatório da AIEA acende um alerta sobre a crescente capacidade nuclear do Irã, gerando preocupações não apenas na região, mas também em todo o mundo. A situação exige atenção e atuação das potências globais para evitar que a corrida armamentista atômica na região se intensifique ainda mais. É um momento crucial em que diplomacia e negociações serão vitais para a paz e estabilidade mundial.

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