Gonet muda postura em depoimento após críticas no STF
23/05/2025, 15:27:19Introdução
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, alterou seu estilo durante a inquirição de testemunhas no processo relacionado à trama golpista, após críticas de ministros do STF a sua abordagem anterior. Gonet demonstrou uma postura mais rígida e focada nas audiências envolvendo o tenente-coronel Mauro Cid.
Mudança na Inquirição
Nesta quinta-feira (22), Gonet aplicou um novo método de questionamento, mais incisivo, com o objetivo de explorar os depoimentos das testemunhas selecionadas pela defesa de Cid. Sua abordagem foi notável, especialmente na audiência com o general Júlio Cesar de Arruda, ex-comandante do Exército.
Interrupções Estratégicas
O procurador não hesitou em interromper Arruda quando este desviou do tema principal das perguntas, focando em informações que eram vistas como controversas dentro da narrativa do caso.
Primeiras Perguntas
No início da inquirição, Gonet questionou Arruda sobre um encontro reportado entre ele e o general da reserva Mario Fernandes, que é acusado de envolvimento no planejamento de ações golpistas.
O ex-comandante, ao responder, disse: "A imprensa coloca muitas coisas né. Eu conheço o general Mario e ele foi meu aluno no curso de comandos, em 1988. Eu fiz o curso em 1987, em 1988 fui instrutor. E ele era um dos oficiais mais modernos. Servimos juntos".
Porém, Gonet rapidamente o interrompeu, reafirmando que estava em busca de uma confirmação sobre a veracidade do encontro: "Não foi isso que perguntei. Confirma que ele [Mario] esteve lá?". Arruda, então, confirmou que o encontro ocorreu em seu gabinete, mas negou que Fernandes tivesse feito solicitações golpistas durante a reunião.
Controvérsias e Divergências
Durante a sessão, Gonet também explorou contradições nas declarações de Arruda sobre os motivos da visita de Mario Fernandes. Na sua primeira versão, Arruda afirmara que o general estava interessado em saber sobre uma possível nomeação. No entanto, em uma segunda resposta, minimizou a relevância da pergunta, indicando que a possibilidade de sua nomeação já era de conhecimento público.
Reações no Supremo
No primeiro dia de depoimentos, os ministros do STF notaram que Gonet não conseguiu agir de forma contundente contra a versão mais branda apresentada por Freire Gomes, ex-chefe do Exército, em relação às articulações golpistas. Em vez de focar nas contradições, o procurador se perdeu em questionamentos que buscavam apenas validar o depoimento de Gomes.
Um momento emblemático ocorreu quando o ex-chefe do Exército declarou não ter se surpreendido ao receber a primeira minuta do decreto golpista do ex-presidente Jair Bolsonaro. Gonet aproveitou a deixa: "Posso dizer, então, que ele estava preparando os senhores, com razões jurídicas, para apresentar mais a seguir medidas de intervenção que ele já estava antecipando que ia tomar?".
Contudo, a resposta do general foi evasiva e o advogado de defesa, Celso Vilardi, argumentou que a questão de Gonet parecia dirigir a resposta do testemunho, levando o ministro Alexandre de Moraes a cortar o microfone do defensor.
Conclusão
A atuação de Gonet na audiência de hoje mostra uma elétrica mudança de postura em resposta às críticas de sua condução anterior. Assim, tanto o procurador quanto os envolvidos nas investigações experimentam um aumento na tensão e no nível de escrutínio em um processo que continua a levantar questões complexas sobre o papel das autoridades durante os eventos conturbados que o Brasil enfrentou nos últimos tempos.