Evento de Tarcísio gera boicote entre bolsonaristas
23/05/2025, 20:14:02Evento de Tarcísio e a Repercussão entre Bolsonaristas
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Marcada por discurso de tom nacional do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), a filiação do secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, ao PP, na noite desta quinta-feira (22), gerou incômodo entre aliados próximos de Jair Bolsonaro (PL).
Para esse grupo, o ato reforçou a projeção presidencial de Tarcísio, impulsionada por líderes de partidos de centro-direita que já teriam desistido de lutar pela restituição dos direitos políticos do ex-presidente. Chamou a atenção a ausência de parlamentares bolsonaristas na cerimônia, realizada em uma casa noturna da Vila Olímpia, zona sul de São Paulo. O local, com capacidade para mil pessoas, estava lotado e contou com representantes de quase todas as siglas do espectro centro-direitista - União Brasil, PSD, Podemos e PL marcaram presença.
Segundo apurou a reportagem, o boicote foi deliberado, motivado pela expectativa de que o evento servisse como palanque para Tarcísio. Parte da bancada bolsonarista nem chegou a ser convidada, após sinalizações de que desaprovaria o tom político da celebração.
Integrantes do grupo criticaram o fato de nem Tarcísio nem Derrite terem defendido a anistia aos presos pelo 8 de janeiro ou criticado a inelegibilidade de Bolsonaro. O governador deve testemunhar em defesa do ex-presidente no processo em que é acusado de liderar uma tentativa de golpe, atualmente em análise no STF (Supremo Tribunal Federal).
Descontentamento com Articulações sem Bolsonaro
Há duas semanas, o mesmo grupo já havia demonstrado insatisfação com a articulação do ex-presidente Michel Temer (MDB) para formar uma frente de governadores de centro-direita, sem Bolsonaro, com vistas a 2026. Na ocasião, Fábio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação de Bolsonaro, publicou em rede social que eleição "é voto" e que os votos estão com o ex-presidente.
No evento desta quinta, Derrite se apresentou como pré-candidato ao Senado e afirmou pretender formar uma chapa com Eduardo Bolsonaro (PL). Em 2026, estarão em disputa duas vagas por São Paulo. Durante seu discurso, o secretário afirmou que o estado tem "a possibilidade real de eleger dois senadores conservadores" e apresentou sua plataforma, que prevê mudanças na legislação penal como forma de combate ao crime, responsabilidade que atribuiu ao Congresso Nacional.
Nos bastidores, porém, Derrite também é apontado como possível nome para o governo estadual caso Tarcísio renuncie para disputar a Presidência.
Por sua vez, Tarcísio destacou que aquele grupo estaria unido até as eleições. "No momento em que há dúvida, no momento em que tem muita gente lá em Brasília perdida, que não sabe o caminho, e em que as decisões são tomadas de forma casuística, às vezes até de forma irresponsável, tem o grupo aqui, que está unido, que sabe o caminho, que quer fazer a diferença", disse.
Um aliado próximo de Bolsonaro afirma que o ex-presidente não decidiu quem será seu indicado caso se mantenha inelegível, mas que a aposta é que será ou Eduardo ou a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Apesar de todo o suporte que já tem na centro-direita, Tarcísio não tem o apoio do padrinho para a Presidência, segundo este aliado.