Governo mobiliza 120 pessoas em viagens de Lula ao exterior
17/05/2025, 14:44:31Viagens de Lula à Rússia e China
As visitas de Lula (PT) à Rússia e à China mobilizaram a viagem de ao menos 120 pessoas, incluindo ministros, os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e do Banco Central, Gabriel Galípolo, além de dezenas de técnicos e assessores.
Apenas a Secom (Secretaria de Comunicação) enviou 27 pessoas à viagem, e a Casa Civil deslocou 19 funcionários. O levantamento foi feito pela Folha de S.Paulo em portais da transparência e nas autorizações de viagens publicadas no Diário Oficial da União.
Esta viagem internacional de Lula começou em 6 de maio, quando o presidente embarcou para Moscou. Na capital da Rússia, ele participou de uma celebração dos 80 anos da vitória da Rússia na Segunda Guerra Mundial. O evento serviu como uma demonstração de força de Vladimir Putin após três anos de guerra na Ucrânia e trouxe desgaste ao presidente brasileiro, visto que os líderes presentes eram, em sua maioria, ditadores e autocratas.
Na sequência, Lula chegou a Pequim no dia 11, onde teve encontros com o líder chinês, Xi Jinping. A viagem ainda foi marcada pelo vazamento de uma conversa onde a primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, a Janja, teria comentado com Xi sobre os efeitos nocivos do TikTok, plataforma chinesa de vídeos curtos.
Até o presente momento, não há registros consolidados sobre as despesas relacionadas à viagem de Lula. Informações do Siga Brasil, portal administrado pelo Senado, apontam até agora o pagamento de R$ 122 mil em diárias de oito pessoas.
A relação de pessoas que acompanharam as agendas do presidente no exterior é parcial. Ao menos quatro publicações de autorização de viagens foram feitas sem citar os nomes dos servidores. O Planalto afirma que os nomes das equipes de segurança e saúde do presidente são mantidos sob sigilo.
Ainda existem órgãos autônomos, como a ApexBrasil, que divulgam as autorizações de viagem em suas páginas próprias e ainda não têm dados disponíveis sobre a recente agenda internacional do presidente.
No dia 15, o Planalto publicou no Diário Oficial os nomes de 26 integrantes da comitiva que acompanhou Lula em Pequim. Além de Janja, a lista inclui o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), o 2º vice-presidente da Câmara, Elmar Nascimento (União-BA), além de 11 ministros e o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues.
Além do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, também fez parte da comitiva a presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, entre outras autoridades. Muitas assessorias e técnicos dos órgãos ligados ao governo federal acompanharam a agenda.
Os ministros tiveram agendas temáticas e encontros com empresários durante a viagem. Empresas chinesas sinalizaram investimentos de cerca de R$ 27 bilhões no Brasil nas áreas de produção de combustível sustentável para aviação.
Diversos acordos em saúde foram assinados, sendo o principal entre a brasileira Eurofarma e a chinesa Sinovac, que anunciaram o Instituto Brasil-China para Inovação em Biotecnologia e Doenças Infecciosas e Degenerativas, focado em vacinas e outras atividades.
Parte das equipes que viajaram atua na produção e parte técnica da cobertura da EBC (Empresa Brasil de Comunicação), responsável pela cobertura institucional das viagens. Também participaram seguranças e técnicos de tecnologia que foram à Rússia e à China dias antes da chegada de Lula para preparar a viagem.
A Secom declarou que as comitivas oficial, técnica e de apoio são mobilizadas durante as viagens do presidente, sendo que a lista dos últimos grupos fica sob sigilo por até cinco anos.
"As comitivas Técnica e de Apoio são compostas por servidores que atuam em áreas-meio para viabilização dos eventos, tais como agentes de segurança, saúde e pessoal de apoio. Como tais informações podem colocar a segurança do presidente ou do vice-presidente em risco, os dados são classificados no grau de sigilo reservado", informou a Secom.
A mesma nota afirma que as despesas com diárias e hospedagens da viagem serão custeadas pelo Ministério das Relações Exteriores. "À Presidência da República compete o custeio de despesas residuais, como serviços de apoio, taxas aeroportuárias, comissária aérea e seguro-viagem internacional", complementa a Secom, que promete divulgar os valores após a conclusão das contas.